Quercus diz que novo regime de arborização levou a “aumento desenfreado” de eucalipto

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A Quercus confirma os seus receios relativamente ao novo regime de arborização que diz ter levado a um “aumento desenfreado” de novas plantações de eucaliptos autorizadas, o que pode criar condições para a propagação de incêndios.

A associação ambientalista “mostra-se muito apreensiva”, após a análise dos resultados publicados sobre o novo regime jurídico de arborização e rearborização, considerando que “confirmam os piores receios de aumento desenfreado das monoculturas de eucalipto”.

Esta alteração relaciona-se, explica em comunicado, com o desaparecimento de condicionantes à sua instalação, “contrariando a necessidade de promover um correto ordenamento florestal, de forma a prevenir os incêndios” florestais.

Os ambientalistas citam os recentes indicadores do regime jurídico aplicável às ações de arborização e rearborização do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), para o período de 17 de outubro de 2013 a 17 de junho de 2014, em que foi proposto arborizar e rearborizar 9.165 hectares.

“É hoje por demais evidente que este instrumento legal serviu apenas para viabilizar as autorizações para a instalação de eucaliptais, num claro favorecimento das celuloses, apesar do eucalipto ser já a espécie mais abundante em Portugal”, acusam.

A Quercus defende que estes dados “deveriam obrigar a uma reflexão dos atuais titulares” da pasta das florestas.

“Não podemos assistir de forma indiferente à ausência de uma política pública coerente” para suprir as falhas de mercado e promover a florestação com espécies autóctones, em vez da “manutenção de um silêncio cúmplice” com a criação de condições no terreno para a propagação “descontrolada” dos incêndios, critica a associação.

Segundo os técnicos da Quercus, 94% das rearborizações são efetuadas recorrendo ao eucalipto-comum, um peso que considera “exageradamente elevado”, e nas novas áreas de floresta é de 81% “igualmente muito elevado”.

Para o eucalipto-comum foram autorizados 5.241,7 hectares de ações de arborização ou rearborização, sem financiamento públicos, ficando o pinheiro-bravo pelos 42,8 hectares e o sobreiro nos 25,2 hectares.

Estes números “muito baixos” demonstram que “a exploração destas espécies é cada vez menos atrativa do ponto de vista económico e que as políticas públicas têm que ser mais interventivas”, alertam os ambientalistas.

Os concelhos com maior número de processos são Leiria, Tondela, Cantanhede e Mação, e aqueles com maior área proposta são Penamacor e Odemira, seguindo-se Tondela, Fundão e Arouca.

A Quercus acrescenta ainda que os dados do ICNF “não refletem a realidade” ao não contabilizar as plantações ilegais de eucalipto devido à falta de fiscalização.

Nos projetos aprovados no Sistema Nacional de Áreas Classificadas foram plantados 659 hectares de eucalipto-comum em áreas classificadas, sobretudo em Monchique, Malcata e Rio Paiva.

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