Acabaram-se de efetuar as eleições para o Parlamento Europeu. Os críticos e políticos que se pronunciaram mostraram-se surpreendidos com as abstenções. Surpreendido fiquei eu por, ainda terem sido tantos a votar. Eu votei, mas estive prestes a votar em branco. Porquê? É que o povo português não acredita nos políticos que são a voz do dono de quem conquista o poder.
O que é que fez? Qual é o currículo do atual Primeiro Ministro e dos que estão ou estarão na bicha para vir a sê-lo? Não criaram nenhum emprego; desconhecem as atribulações do patrão, que quando chega ao fim do mês não tem dinheiro para pagar o ordenado.
Alguma vez senhores políticos se preocuparam com as leis que deixaram passar na Assembleia da República, em que, no que respeita à saúde, passaram a ser nomeados pelo governo. Ganhei as eleições, mas recusei ser nomeado e assim se comportaram todos os médicos do partido. O primeiro a aceitar, ainda tinha trabalhado comigo, era das promissoras esquerdas!
Que se passa?
– Os olmos morreram; Que fazer para que não morram e não continuarem a morrer?
– Os pinheiros estão a morrer; é um nemátodo; a solução será, apenas, cortá-los ou queimá-los?!
Não será por acaso que isto resulta de já não haver pica-paus. Se uma piranha detecta uma gota de sangue, creio que a três mil metros, porque é que um pica-pau, ou similar, não há-de detectar um nemátodo, cujo cheiro é levado pelo vento?
– Arranquei a minha vinha que dava 15 a 20 mil litros de vinho. Não quis subsídio. Arranquei-a porque não podia estar a vendê-la ao garrafão ou ao copo. Ia para o Cachão, e, como era de qualidade, era ali destilado para aguardente vínica ou adicionar ao vinho do porto. Deixou de ter escoamento.
– Como presidente da Cooperativa Agrícola de Alfândega da Fé, que evitei que falisse, as cerejas (e era o maior cerejal da Europa), as excedentárias do consumo corrente, iam para o Cachão para serem industrializadas; o mesmo sucedia com as ameixas… amêndoas… azeite… figos… amoras silvestres…
Os senhores políticos, míopes, acabaram com tudo!
– Eu tinha 165 colmeias, morreram todas, doença importada! Hoje não se vê uma abelha; mas vi num programa da TV que na Tailândia já aprenderam a catar-se.
O que é que fez o Ministério da Agricultura para resolver esta praga? Onde estão os Institutos de Investigação de Veterinária e Agronomia? Onde é estudada a melhoria da raça dos animais?
Servindo-me do testemunho do Professor Vaz Portugal, em Santarém, na Fonte Fria, tinham apurado a raça bordaleira da Serra da Estrela, em que cada unidade, se fosse bem alimentada, dava 600 litros de leite por ano!
Hoje não estão preparados os técnicos. Não refletem! Não pensam! Os políticos, esses, são apenas correios de transmissão das ordens recebidas. Nos partidos locais não se discutem os problemas, fogem, como o diabo da cruz, se alguém mostra saber mais.
Hoje o poder está na cidade – Eles os do poder só consomem e contentam-se quando o juro da dívida estabiliza ou baixa. Antes que seja tarde acabe-se com a irresponsabilidade destes políticos. Vender património soberano? Que crime hediondo! Qualquer dia serão capazes de vender, até, a água dos rios e das fontes!…
Nota: Na minha Queima das Fitas de 1949-56, como presidente, plantei uma caçoarina no Parque da Cidade. Era a árvore mais alta do parque; estava coberta de pinhas; chamei a atenção para a sua doença, em que saía por uns orifícios resina; como se debelou a doença – cortá-la?!
Ainda guardo sementes; espero que geminem para nesse mesmo sítio plantar uma filha e ainda viver o suficiente para à sua volta se fazer memorial com uma mensagem para os vindouros (já feita) e fiquem lá gravados os nomes dos quintanistas desse ano. Será um pentágono. ( 27/5/2014 )