Por “saída” lê-se no dicionário, à mão de uns cliques, o “acto ou efeito de sair”. Sai quem está dentro, lá para fora, tal como quem emigra. Esse sim., sai. “Limpa” significa sem “mácula, pura, isenta de sujidade”. Uma saída limpa é o prémio de que se fala.
Após três anos de submissão à troika, Portugal resgataria a sua soberania. Três anos depois do PS, do governo presidido por José Sócrates, ter convidado a troika do FMI, do BCE e da EU a dirigirem o país, convite que teve então uma extensão de concordância ao PSD e ao CDS, e que entretanto se traduziu, na prática, pela cooperação activa do governo de Coelho e Portas com a troika, o fim estaria logo ali, neste final de Maio, através de uma saída limpa.
O acto ou efeito de sair implica deslocação, alteração, mudança. Pressupõe que depois será diferente. Contudo com as implicações do Tratado Orçamental e a vigilância externa pouco ou nada mudará até 2038, vão entretanto afirmando, contraditoriamente, os mesmos. Em modo suave, por cautelas eleitorais, período em curso que se lhes convirá ser mais festivo, em estilo “Viva a saída limpa!” Ora, na verdade a saída nem é saída e o que quer que a saída que não é saída seja, a saída é uma grande porcalhona.
O que os portugueses sabem e já foi assumido publicamente é que até 2038 (quase um quarto de século) o País estará submetido, se a política de submissão nacional não for derrotada, a uma chamada “vigilância reforçada” destinada a assegurar que o programa de exploração, liquidação de direitos e empobrecimento de Portugal e dos portugueses prossiga.
O que os portugueses sabem é que três anos depois há hoje em Portugal menos 305 mil postos de trabalho. Os portugueses sabem que 2 milhões e meio dos seus compatriotas vivem no limiar ou abaixo do limiar de pobreza, mais meio milhão do que há três anos. Os portugueses sabem que a dívida não só não diminuiu, como aumentou em 51 mil milhões de euros, sendo actualmente da ordem de quase 130 por cento do PIB, e que só o serviço anual da dívida de cerca de 7 mil milhões sustentaria o serviço nacional de saúde.
A pobreza aumenta, o desemprego atinge níveis somente alcançados há muitas décadas, a emigração regressou. Portugal regrediu dezenas de anos. Os portugueses estão muito mais pobres. O sonho, o futuro e a esperança só não estão completamente sob detenção graças a forças de resistência.
Uma saída limpa? Há saídas, sim. Não esta. Basta acreditar e fazer cumprir a Constituição da República, os sonhos e os valores que em Abril e Maio os portugueses desfilaram nas ruas e poderão depositar nas urnas e no futuro!