Opinião – Viver de equívocos

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Francisco Valente

Francisco Valente

1 – O primeiro grande equivoco de muitos portugueses é pensar que vivem num país independente. Porém, a verdade é que não há independência enquanto o Governo necessitar de se endividar no exterior e tiver de aplicar políticas impostas por um triunvirato estrangeiro chamado troika, a quem terá de prestar contas para avaliação do desempenho.

Na actual situação Portugal não passa de um protectorado,sem valor organizativo e produtivo dependente de terceiros.

2 – O segundo equivoco é responsabilizar os empregados da troika pelas políticas restritivas implantadas que não dão crescimento económico nem emprego. Ora, a responsabilidade é dos mandantes que são,como se sabe,o BCE, o FMI e a União Europeia,parecendo ser este último o mais influente a avaliar pelas declarações de Durão Barroso quando disse ,a rir,que os autores do manifesto onde defendem menores taxas de juro e maiores prazos de pagamento apenas querem criar problemas ao Governo

Esta intervenção do presidente da Comissão Europeia dá para pensar a quem o viu trocar a chefia do Governo por um lugar na UE,que agora vai deixar sem qualquer rasto nem valor, a não ser o crescimento da sua conta bancária.

3 – O terceiro equivoco é o daqueles que pensam que alguma coisa substantiva se fez em termos da reforma estrural do Estado.

Estaremos sempre no ponto zero enquanto a reforma não englobar todos os órgãos da República, passando pela Presidência, pela Assembleia, pelos Tribunais e pelo Governo central e local. Temos demasiado estado para os recursos que possuímos e é preciso ultrapassar ambiguidades como, por exemplo, saber se queremos uma República presidencial ou parlamentar. A reforma exigirá ainda a criação de condições que aproximem os cidadãos da vida política. Como sabemos que o Estado é mau gestor da coisa pública a reforma terá que avançar para o sector empresarial estatal e liberalizar empresas e serviços, designadamente os altamente deficitários.

4 – O quarto equivoco é o dos que julgam que o saneamento financeiro se faz apenas através do lançamento de impostos e mais impostos e dos baixos salários e baixas reformas.

5 – O quinto equivoco pertence a quem pensa que a desertificação do interior deriva do encerramento de repartições e serviços dos orgãos do Estado,onde salta à vista o excesso e inoperacionalidade dos servidores públicos. A solução do problema do abandono das populações do interior e da baixa natalidade está na implantação de políticas de desenvolvimento local nas cidades do interior. O incentivo fiscal sério para as empresas que se localizem no interior e também para as pessoa que aí vivam deve ser um factor estratégico a utilizar pelo governo central, porque além da boa vontade pouco ou nada há a esperar de médias e pequenas câmaras em ruptura financeira e onde o rácio entre o número de funcionários e o número de residentes concelhios é chocante.

6. Há quem acredite que este Governo ainda seja capaz de varrer o lixo que anteriores governos foram pondo debaixo da carpete e tanto mal nos fez. Se este desiderato não for alcançado estaremos perante outro grande equivoco.

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