A queda acentuada do número de transplantes em Portugal e a procura de soluções para inverter esta tendência vão estar no centro de um simpósio que vai reunir vários profissionais da área, entre sexta-feira e sábado.
Os últimos números oficiais sobre a transplantação de órgãos são de 2012 e são “francamente dececionantes”, disse à Lusa Fernando Macário, presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT), acrescentando que se acentuou a tendência de queda que se vinha verificando desde 2010.
O responsável sublinhou que estes números estão muito abaixo dos de 2009, ano em que, na Europa, Portugal se situava em segundo lugar relativamente à colheita de órgãos e em primeiro na transplantação de rim e fígado.
“Desde então fomos descendo. Ainda somos dos que estão acima da média europeia, mas descemos muito, comparando com espanhóis, por exemplo”, afirmou.
No ano passado, realizaram-se 681 transplantes em Portugal, menos 157 do que no ano anterior, o que representa uma queda de 19%.
Em quatro anos, de 2009 até 2012, a redução do número de transplantes foi de aproximadamente 27%, com menos 247 transplantes realizado.
Quanto a 2013, embora os dados sejam ainda provisórios, Fernando Macário assinalou uma melhoria em relação ao ano anterior na zona Centro, em Coimbra.
No entanto, globalmente o cenário não é animador, uma vez que entre janeiro e maio deste ano houve 271 transplantes, menos 23 do que no mesmo período de 2012 e o valor mais baixo desde 2009.
Verificou-se, contudo, uma particularidade: o número de dadores em morte cerebral foi exatamente o mesmo nos cinco primeiros meses de 2012 e 2013, mas o número de órgãos com qualidade para transplantação diminuiu 6% este ano, o que baixou o número de transplantes.
Esta falta de qualidade dos órgãos tem que ver com o aumento médio de idades dos dadores, que em 2012 era de 51,2 anos e em 2013 passou para 55,2 anos.