Os últimos dias têm sido pródigos na revelação pública, e para o grande público, de números caracterizadores da condição humana.
Todos eles, infelizmente, evidenciando uma mesma tendência.
Vejamos
120 Milhões
Após cinco anos de crise é este o número de europeus que já se encontram em situação de pobreza, ou ameaçados de nela caírem. Por referência refira-se que a população da União Europeia é de 500 milhões de pessoas e a da europa é de 750 milhões de pessoas.
2,5 Milhões
É o número de portugueses que está em situação de pobreza ou em risco de pobreza e de exclusão.
30 milhões
Em todo o mundo há trinta milhões de pessoas a viver em condições de escravatura.
1300
É o número de pessoas que, em Portugal, são forçadas a trabalhar em situação de exploração.
386
O valor médio, em euros, das pensões paga aos portugueses em 2009.
Certamente que se poderiam referir outros números e outros indicadores desta nossa realidade.
Não é o que se pretende.
O importante é que percebamos que a permanente e crescente criação de exércitos de excluídos terá consequências inevitáveis.
O importante é que percebamos que desde 1948 que o paradigma de sociedade que perseguimos é o que assenta nos princípios, entre outros, de que “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos”, e que “ninguém será mantido em escravatura ou servidão”.
A nossa sociedade parece ter assumido, consciente ou inconscientemente, outras prioridades. Porventura ainda não se preocupou em antever onde é que a mudança de propriedades a poderá levar.
É que, pelo menos por esta vez, o que está em causa não é um confronto entre a esquerda e a direita. O que está em causa é o nosso percurso enquanto civilização, é o confronto entre a modernidade e a barbárie. Se todos nós, enquanto sociedade organizada, não somos capazes de perceber que a preservação e desenvolvimento do nosso modelo civilizacional é a nossa principal prioridade, então caminhamos inexoravelmente para o desaparecimento.
Será isto que todos queremos?
Ou estaremos só a deixar-nos conduzir por lideres sem história, sem alma, sem cultura, sem visão e sem ambição colectiva?