Opinião – O exemplo fica, é uma forma eficaz de reformar!

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01 NORBERTO PIRESJoaquim Norberto Pires

O resultado das eleições autárquicas era esperado. O país está numa situação muito difícil e muito complexa, resultado de várias décadas de má governação que conduziram a mais um período de assistência financeira no meio de uma grave crise internacional.

Ao aceitar ir para o Governo neste cenário, o PSD correu vários riscos, como é sua obrigação como partido reformista. No entanto, não governou bem em muitas áreas, não acertou na orgânica da equipa, foi pouco eficaz na mobilização do país e na capacidade de explicar aos portugueses todo este terramoto que se abateu sobre nós, e cometeu vários erros na escolha de ministros e secretários de estado. Não estou com isto a apontar o dedo, pois percebo muito bem a emergência em que vivemos e reconheço a determinação do primeiro-ministro, mas tão somente a constatar a forma como a população vê a ação do Governo. Tudo isto foi para mim muito evidente durante todo este processo autárquico, no qual dei a cara por valores e princípios em que acredito e dos quais não abdico. De forma alguma, sob nenhum pretexto, cedo à demagogia e ao populismo, ou embarco em jogos partidários ou de interesses pessoais ou de grupo, porque foram esses comportamentos que nos conduziram até aqui.

Nestas eleições quis dar o exemplo na forma de reunir equipas jovens, sem vícios, competentes e sérias, que deram a cara por um projeto de Mudança em que acreditam. Pessoas que na sua esmagadora maioria nunca tinham participado na política e não tinham filiação partidária. Quis dar o exemplo de mobilização e sei que o consegui, gerando equipas dispostas a dar o melhor de si, do seu tempo e dedicação por projetos de mudança que colocam o foco nas pessoas e na melhoria da sua forma de vida.

O exemplo muda as pessoas, não é esquecido, e é uma forma eficaz de reformar.

Foi muito instrutivo porque falei com as pessoas, ouvi-as e percebi o que as preocupa. Vi e ouvi pessoas zangadas e tristes com um Governo que, na sua opinião, lhes tira reformas, aumenta impostos, não cumpre promessas, rasga compromissos de gerações… tudo isso sem aviso prévio, sem diálogo e sem debate: há aqui uma falha de comunicação muito grave que deita por terra a capacidade de sofrimento e a entrega às coisas difíceis. Senti a sua desilusão, vi como estavam perdidas nas suas convicções, e percebi a sua saturação com a política e com os políticos mostrando-se cada vez mais indisponíveis para ouvir, prestar atenção e ver o que é diferente. Por isso, ficaram em casa ou votaram branco/nulo.

O nosso sistema político corre riscos sérios de implosão. Se não for invertido o divórcio entre as pessoas e tudo isto, o risco é bem real.

É preciso dizer às pessoas que “vamos continuar a lutar pela liberdade concreta, pela igualdade e pela dignidade de vida dos portugueses”. É preciso dizer-lhes, olhos-nos-olhos, que “havemos de construir o país que desejamos”. É preciso fazê-lo, para que voltem a acreditar.

Precisamos de compromissos, mas acima de tudo precisamos de EXEMPLO. É esse o nosso maior problema. Um problema de que muitos não têm consciência.

Podem contar comigo.

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