O claustro quinhentista do Mosteiro de Semide, no concelho de Miranda do Corvo, vai ser recuperado, depois de impedimentos vários que, ao longo dos anos, acentuaram o estado de degradação.
O anúncio desta obra, orçada em 400 mil euros, que tem um prazo de execução de um ano, foi feito em Viseu pela diretora Regional de Cultura do Centro, Celeste Amaro.
Este é um dos oito projetos de recuperação de património que vão ser lançados este ano na Região Centro, apresentados pela Direção Regional de Cultura ao Programa Mais Centro, da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Centro, no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), que têm um valor total de 2,9 milhões de euros, dos quais 85% atribuídos pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
A presidente da Câmara de Miranda do Corvo, Fátima Ramos, contou que, depois de uma primeira fase de obras no mosteiro, não se concretizou a prometida segunda fase – na qual se inseria a recuperação do claustro -, que tem reivindicado nos últimos anos.
Neste âmbito, congratulou-se por, apesar dos vários percalços, o claustro ir agora ser recuperado.
“A Câmara sente que aquele património também é seu”, frisou, considerando que os 30 mil euros que a Câmara vai assegurar para o projeto são “muito pouco face à grandiosidade” do mosteiro.
Entre os oito projetos de recuperação de património hoje apresentados em Viseu, estão três integrados na Rota das Catedrais, nomeadamente as obras nas sés de Viseu (380 mil euros), da Guarda (290 mil euros) e de Leiria (350 mil euros).
O bispo de Viseu, Ilídio Leandro, considerou que estas são, “para as três cidades, obras de inegável valor”.
Na sua opinião, não é compreensível que estes edifícios “possam deixar-se deteriorar e se justifique o seu abandono com a falta de verbas”.
Estão também previstas obras em património cujo valor é considerado histórico, como a Casa do Passal, do cônsul Aristides Sousa Mendes, em Cabanas de Viriato, no concelho de Carregal do Sal (360 mil euros), a Igreja da Vista Alegre, em Ílhavo (810 mil euros), e, em Coimbra, o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova (220 mil euros) e na Igreja do Carmo (88 mil euros).
Segundo Celeste Amaro, no total, estas obras contaram com um financiamento do FEDER de 2,465 milhões de euros.
À Direção Regional da Cultura do Centro caberá pagar 207 mil euros, à Igreja, detentora dos edifícios religiosos, 76,5 mil euros, e à Vista Alegre, 121,5 mil euros.
A parte do investimento que cabe às diferentes entidades nacionais completa-se com os 30 mil euros da Câmara de Miranda do Corvo.
Celeste Amaro disse que “os concursos [para os projetos] serão abertos e estarão disponíveis na próxima semana”, esperando que algumas das obras se iniciem ainda este ano.
O presidente da CCDR Centro, Pedro Saraiva, frisou que, atendendo a que havia pouca disponibilidade financeira, a opção foi por “projetos inadiáveis”.
Na sua opinião, esta era “uma obrigação moral”, uma vez que se trata de “património classificado, de elevadíssimo valor e que estava todos os dias a degradar-se”.
O secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, que participou na sessão de apresentação, defendeu que “uma das âncoras do desenvolvimento pode ser o património”, salientando a importância da requalificação de bens “que são materiais, mas que representam uma imaterialidade”.