Opinião – Discutir política

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LUCILIO CARVALHEIROLucílio Carvalheiro

Entre os adeptos dos “tempos modernos” discutir política é coisa de velhos. Na massa da opinião generalizada haverá que substituir a materialidade dos alicerces da sociedade pela “materialidade” do telhado da administração de rotina.

Decerto. Discutir política ocupa a imaginação, torna vivas as esperanças, alimenta os sonhos; quem o faz recomenda a tolerância por quem pensa diferente, assume a autoridade do pensamento sem subterfúgio, a energia da vontade tenaz sem a obstinação do capricho, a persistência sem teimosia – prepara-se para o Governo do País e compromete-se no exercício do poder.

E haverá que reconhecer que os Partidos , dito políticos, chegaram ao ponto de admitirem a sua incapacidade para recuperarem os seus planos ideológicos e políticos: já só se consideram aptos para administrar a rotina, inadequados para conduzir uma revolução na metodologia em uso.

Não deve causar espanto, portanto, que se alcance o poder por demérito de quem o tem e nunca pelo mérito de quem o quer ter. E porque assim acontece, uma vez chegados ao Governo um enorme embaraço os consome; Como governar? invariávelmente aconchegando-se a uma administração de rotina baseada numa complexa legitimação de ambições subjectivas onde a vacuidade política é raínha – se bem que a opinião pública nem sempre o interprete assim, porque desviada para outros aspectos do momento, onde os protagonistas ganham o direito «a ter o seu rótulo» sem cuidarmos do conteúdo de substância política, onde até o boato serve na perfeição para fundamentar uma boa cacha em tablóide que se preze.

Precisamente. São graves as dificuldades no país, na Europa: mas este povo laborioso, paciente e bom, se seguirmos os ditames da política, tem de ser o maior ponto de apoio na procura de encerrar definitivamente este ciclo de panaceia sucessiva.

Acontece que este povo português, pessoa-de-bem, humanitário, altruísta e paternal está a ser batido em brecha pelo obscurantismo político; desaparecida a ideia base quanto à estrutura e conteúdo do Estado, as grandes empresas económicas, financeiras, energéticas, escudadas em números entendem-se e atiram as pessoas para a área da indigência e aos políticos de aventura – Passos Coelho, Paulo Portas, António José Seguro, indicados porque líderes dos partidos da área da governação – resta-lhes sugerir-nos vários futuros, e todos se excluem. Porque administração é sucedâneo , não é farol político. Porque política são pessoas e administração são números.

Questiono: Quem é o juíz do momento? Pessoas ou números? Política ou gestão de rotina?

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