António Jorge Pedrosa
Ultimamente, na Figueira da Foz, temos ouvido falar muito em compromisso. A candidatura da coligação liderada pelo PSD de Miguel Almeida, introduziu um novo termo no seu discurso oficial.
Não se fala em promessas ou programa eleitoral, fala-se sim em compromisso. Ao consultar um dicionário, que dá sempre muito jeito nestas coisas, percebemos que um compromisso é a obrigação contraída entre diferentes pessoas, de sujeitarem a um árbitro a decisão de um pleito, ou seja é uma espécie de contrato de promessa mútua entre duas partes, um acordo político portanto.
Confesso que não gosto deste jogo de palavras, até porque tem sido floreado com conceitos como a criatividade.
Todos os que têm seguido a atividade da câmara municipal, rapidamente percebem que ter 82% da receita refém das despesas de funcionamento e ao serviço da dívida, não deixa qualquer capacidade à câmara para alavancar o desenvolvimento do concelho. Por carecer de receita, o município da Figueira da Foz não tem condições de reduzir a taxa do IRS ou do IMI aos munícipes, nem tão pouco de apoiar o investimento. Portanto, desiludam-se aqueles que pensam que a ex-Rainha das Praias reocupará o seu trono. Por este motivo, e perante a proximidade das eleições autárquicas, impõe-se honestidade aos candidatos que se perfilam.
Desejo assim que não se assumam falsos compromissos criativos. É que a criatividade não paga o tout venant ou o alcatrão necessário para tapar buracos.