Opinião – Vivências do Poder Local

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JOAQUIM VALENTEJoaquim Valente

Por aqui o dia 24 de Junho, dia de S. João, amanheceu frio e ventoso, nada condizente com o verão que o calendário já iniciou de norte a sul do País, e com mais pendor numas regiões do que noutras, invoca-se o S. João, num misto de profano e religioso, amparo dos homens e das terras, e esconjuravam-se os maus agoiros, afogam-se as agruras da vida, no convívio de bairros, disfarçando-se o garrote da crise que nos sufoca.

Também na Guarda, o S. João celebra-se e identifica-se com o povo das Beiras e já teve honras de feira franca sabedor que era Sua Alteza Real, porque era importante para o País aqui fixar população e desenvolver a região economicamente.

A feira de S. João da Guarda é uma das feiras mais antigas da região, e foi sempre considerada de importância vital para a região, local de transação de produtos agrícolas, pecuários, artesanais, encontro de pessoas e bens, e no século XV dada a importância da região na criação de gado, era momento para a compra e venda acorrendo a ela, gentes das mais diferentes partes do país.

Com o decorrer dos tempos, a feira passou a durar um dia, e transacionam-se mais roupas e calçado, do que propriamente os artigos ditos tradicionais, no entanto há cinco anos que a Câmara Municipal através da sua empresa Culturguarda tem vindo a recriar a tradicional feira com um vasto programa que inclui ao mesmo tempo atividades económicas, culturais e lúdicas, onde o tradicional e o atual coabitam, atraindo ao centro da cidade não só os Guardenses mas também os de fora que visitam a cidade e aquele espaço.

Esse é o objectivo, manter ao mesmo tempo a identidade cultural, incentivar a participação das coletividades locais e atrair o turismo à cidade que bem necessita desta vertente.

E na ausência de políticas governamentais para o interior, o poder local ainda é a âncora onde as populações se podem agarrar numa luta constante para arranjarem uma sobrevivência a que têm legítimo direito, porque o governo desresponsabiliza-se dos deveres que deve ter perante as pessoas, obrigando-as apenas aos pesados deveres perante o Estado.

Num ambiente de profunda crise económica e financeira, a função do poder local principalmente no Interior é cada vez mais difícil, e sofre-se com o esquecimento a que fomos votados por este governo e poderão tirar-nos tudo, mas a “alma” de beirões nunca ninguém a conseguirá roubar!

No Portugal democrático um significativo e crescente número de cidadãos já considera que o contrato social implícito que estabeleceu com o “Governo” já está a ser violado!

 

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