Opinião – Papa Francisco

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Joaquim ValenteJoaquim Valente

Quero associar-me à Igreja Católica neste momento cheio de esperança e expectativas com a eleição do Papa Francisco, pois com gestos simples, e atitudes breves, anuncia-nos que algo vai mudar no ser e no estar desta secular instituição. Em período Pascal celebramos a renovação espiritual da vida do Homem, pois a história de Jesus Cristo remete-nos para um Deus que não é propriedade de ninguém, um Deus livre que ama a todos por igual, porque os católicos só dão sentido à sua religião se ela for para bem de toda a humanidade.

Não podemos assistir impávidos e serenos ao que acontece em Portugal e na Europa, em que os países mediterrânicos, parecem agonizar com o desemprego em massa que gera fome, miséria, doença, abandono, suicídios, e da Europa dos países do norte não queremos atitudes prepotentes, nem paternalistas, mas sim, tratamentos que sejam demonstrativas de respeito e de dignidade.

O Papa Francisco cheio de bondade e ternura, já deu a perceber que tem as pessoas no coração, o que é um sinal de como vai ser o seu pontificado, num momento em que os decisores políticos parecem ter no coração uma folha de Excel.

O Papa Francisco tem grandes desafios a enfrentar no seio da própria igreja e à escala mundial e ele bem sabe que o mundo é feito com todos, com os mais desprotegidos, e mais favorecidos, mas também com aqueles que em todos os lados decidem da vida dos outros.

“Guardar, proteger e custodiar” diz o Papa Francisco significa “proteger-nos a nós mesmos”, “vigiar os sentimentos no nosso coração” porque é dali que saem as intenções boas e más, as que constroem e as que destroem a humanidade, e embora saibamos que o Papa tem muito poder ele afirmou: “O verdadeiro poder é serviço” dando espaço para a reflexão, para a oração e para o diálogo entre os povos.

“Cuidem da família, cuidem da vida, cuidem da natureza, deixem de lado a inveja e não arranquem o coração a ninguém” disse o Papa Francisco a todos aqueles que acorreram à Praça de S. Pedro em Roma no dia da sua eleição, e no domingo do “Angelus” e o viram à porta da pequena igreja saudando os fieis um a um, de uma forma afável e humilde anunciando já “novos meios de levar a evangelização aos confins da terra”.

Este Papa é uma de fonte de inspiração onde cada um de nós deposita as suas crenças quase fazendo-nos esquecer que ele é o Chefe da Igreja Católica pois já mostrou compreender o mundo em que vive e está disposto a enfrentá-lo e a mudá-lo e também conhece o lado da pobreza e as relações da Igreja com o poder político, com provas dadas na América Latina.

Os primeiros gestos do Papa são de grande significado e apontam já para um programa “franciscano” com pontos essenciais como: o retorno aos princípios puros do Evangelho, à descentralização, ao reafirmar-se como Bispo de Roma perante os outros Bispos, e o diálogo inter-religioso e intercultural.

Perante a crise portuguesa, em que os valores, os princípios e os sistemas políticos e económicos se vão desmoronando, urge procurar novos paradigmas humanísticos neste universo poderosamente tecnocrata, e acreditamos pelas escolhas já feitas, que o novo Papa vai pôr as pessoas e a fé no centro da sua acção, decerto com consequências políticas e sociais, trazendo para primeiro plano os problemas que neste momento aviltam a humanidade! Bem-haja Papa Francisco pelo optimismo que estás a transmitir.

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