Será pelo tempo? Ou pelo desânimo de assistir a tanta iniquidade, que vai desde o poder político (instituído ou da oposição) ao comum dos mortais.
Acabei de saber – logo a seguir a esta reflexão – que para um lugar de empregado ou empregada doméstica, de uma instituição de saúde local tinham concorrido 2000 pessoas para preencher quanto muito, 20 ou 30 vagas.
Conclusão a tirar: finalmente, está-se na disposição de trabalhar.
Neste momento de aflição, aplicar-se-á a máxima popular “a cavalo dado não se olha a dente”. Há tanto que fazer! Não se justifica manter o ócio um milhão de pessoas que sabem que já não há lugares para directores de empresas, nem lugar nas empresas. Até os políticos já começaram a ter a noção de que basta tanta ambição. Até eles, dão a aparência de que se estão a moderar. Tanto quanto os grevistas.
Mas os chefões falam como sejam a mais pura das virgens. Será que não ficaram surpreendidos e apreensivos quando nos ecrãs da RTP1 aparece um primeiro-ministro, grande responsável pela situação aflitiva em que nos encontramos, com o despudor de não confessar pecados mas declarar inocência e vociferar acusações?
Que espanto de homem e de procedimento. Será que foram, serão e continuarão a ser, todos, da mesma linhagem?
Estamos numa situação tanto ou mais aflitiva daquela que vivíamos quando chegaram os retornados. Mas com esta diferença, eles estavam habituados a trabalhar e agarraram-se a tudo. Foram a tábua de salvação da aldeia, da vila à cidade.
Uma Senhora contentou-se em ser empregada. Ela, depois, que era uma dama, passava noites a fio a cozinhar, fazer mimos, para no dia imediato o marido os ir vender e se tinha uma família numerosa!
Tomem como certa a seguinte afirmação: “Eu, em caso de necessidade, como repetidamente o tenho afirmado, ainda me achava com coragem e competência para guardar 50 ovelhas e com os proventos, conseguir sustentar a família”. Se eu seria capaz de o fazer, não será que todos nós não haveremos de estar com a mesma disposição para salvar o país e libertá-lo do lodoçal em que está a cair?
Que fazem os nossos embaixadores lá fora, dispersos por todo o mundo se nada fazem ou pouco farão para colocar os produtos que ainda produzimos e muitos mais que estamos aptos a produzir por ainda restar conhecimentos de como fazê-lo.
Senhor Presidente da República, Excelência, a sua responsabilidade é grande. Se já era grande antes deste caos em que nos encontramos, maior será num futuro próximo pelo que continuará a acontecer. Assim será se não agir. Eu, no seu lugar, reunia à volta de uma mesa todos os chefes dos partidos políticos e punha-lhe a situação nestes termos: “faça-se um governo de convergência e solidariedade nacional. Novas eleições levarão a um caos maior do que aquele em que nos encontramos. Creio que não estou a ser pessimista, mas a antever o que vai acontecer….