A associação cultural Yun Yi vai publicar este ano o livro “Why Macau?”, que explora as mudanças e a multiculturalidade do território através da experiência de mais de 30 residentes, que contarão as suas histórias em várias línguas.
Christine Hong, fundadora e presidente da Yun Yi, é a promotora desta iniciativa, cuja ideia surgiu quando se viu confrontada com as “mudanças físicas e sociais drásticas” ocorridas na sua terra natal durante os dez anos em que esteve a estudar música nos Estados Unidos.
“Regressei de Nova Iorque em 2007 e, um dia, ao conduzir pela cidade, dei por mim a olhar em redor, a reparar nos novos edifícios construídos e apercebi-me das mudanças físicas e sociais drásticas que Macau registou nos últimos anos, que me deixaram bastante surpreendida”, disse em entrevista à agência Lusa.
Ao constatar que “Macau era uma cidade em que praticamente toda a gente se conhecia e onde hoje se veem mais caras ocidentais, estando também a regressar muita gente que foi estudar para fora”, Christine Hong foi imediatamente assaltada pela dúvida, ‘porquê?’.
“Porque é que muitas pessoas escolheram Macau para viver ou decidiram regressar? Por razões profissionais, familiares, por amor ou simplesmente por aventura? Intriga-me esta ideia e, por isso, considerei que seria interessante publicar um livro para explorar as respostas a estas questões”, explicou.
O projeto está a ser desenvolvido através da associação Yun Yi, que fundou em outubro de 2010 como “ponte para dar a conhecer o que Macau tem a oferecer no campo das artes e da cultura”, com o objetivo de retratar a atual Região Administrativa Especial chinesa, em contraponto com o seu passado e procurando perspetivar o futuro do território a partir daquilo que lhe dá vida – as pessoas.
Entre 30 e 35 residentes originários de 13 países e regiões e que trabalham em diferentes áreas vão dar a conhecer, na sua língua materna, as razões que os trouxeram a Macau e a sua experiência de viver no território.
“Contamos com a colaboração de artistas, advogados, engenheiros, professores, pessoas que trabalham nos casinos, na indústria de entretenimento, cantores, donas de casa, portugueses, macaenses, chineses, franceses, cambojanos, filipinos, indianos, japoneses”, apontou Christine Hong.
A aposta na publicação das histórias nas línguas maternas dos autores, disse, tem como objetivo a exploração das “relações sociais, já que podemos pedir a pessoas que são fluentes nessas línguas que não dominamos para nos contarem essas histórias que não conseguimos ler”.
“Através deste livro esperamos que as pessoas de Macau e de fora olhem para a região de uma perspetiva diferente. Há histórias de pessoas que chegaram a Macau há 30 anos e fazem um retrato do território nessa altura e outras de pessoas que chegaram recentemente, por isso faz-se esta comparação entre a Macau de antes e a Macau de hoje, perspetivando-se o futuro”, defendeu.
O livro contará também com ilustrações de um artista, que ainda não está escolhido, estando a associação a procurar apoio financeiro para a sua finalização, e será lançado em agosto, acompanhado por uma exposição com fotografias e trabalhos artísticos sobre as experiências de vida em Macau dos autores das histórias.