A canção “Grândola, Vila Morena”, uma das senhas da revolução de Abril, foi ontem grito de “revolta” por todo o país, numa manifestação contra as políticas de austeridade do Governo, organizada pelo movimento “Que se lixe a ‘troika'”.
Ainda sem números definitivos, a organização do protesto, que se estendeu a cerca de 40 cidades, estima que tenham sido cerca de um milhão e meio as pessoas a ir para as ruas, não só em Portugal mas também em algumas cidades do mundo, gritar “basta” de austeridade e pedir a “demissão” do Governo de Passos Coelho.
Portugueses de várias gerações quiseram dizer que “está na hora de mudar” e que “o Governo deve ir para rua”. Aos 72 anos, Camilo Cavalheiro, reformado, participou pela primeira vez numa manifestação, porque sente que “o importante é mostrar o descontentamento para ver se este Governo muda”.
O descontentamento repetiu-se de Norte a Sul, com a cidades da região Centro Leiria, Aveiro, Viseu, Guarda, Castelo Branco e Coimbra a responderem presente.
O protesto viajou ainda para algumas cidades europeias, como Paris, Madrid, Londres, Barcelona e Budapeste.
Na capital francesa, por exemplo, que reúne uma grande comunidade portuguesa, os manifestantes quiseram explicar os motivos que os levaram a emigrar e juntar-se a um protesto sobre as condições de vida no país para onde pretendem voltar um dia.