Opinião – O turismo em Coimbra: a importância de se ouvir a população

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Helder_rodriguesHélder Rodrigues

Coimbra; Uma das 70 cidades inteligentes da Europa.

1. Uma outra face da moeda

Na ultima Crónica sobre “Turismo em Coimbra” relatei, alguns casos de sucesso que estão a acontecer na cidade. São o embrião do futuro. Mas encontrei, paralelamente, outra face da moeda. Muitos casos de desmotivação e desânimo. Coimbra não pode andar mergulhada numa onda de ângustia e pessimismo. A crise tem que ser sinónimo de oportunidade. E quanto mais depressa, melhor!

2. Uma questão de motivação

Estive com directores de hotel desanimados, recepcionistas desinformados, incapazes de me dizer o que havia para ver na cidade “para além da Universidade”.

Com agentes de viagem sentados à secretária, à espera que os turistas lhes entrem pela porta adentro, e lhes “caiam em cima da mesa”. Vi lojas fechadas para almoço com os turistas a querer comprar o que viam nas montras, sem o conseguirem. Não encontrei restaurantes com capacidade para receber grupos turísticos alargados. Vi igrejas e monumentos fechados, em pleno dia. Ruas da Baixa, desertas á noite, sem motivos de interesse para oferecer. Vi gente triste e descrente, mas muito crítica. Muitas críticas “aos outros” e poucas a si mesmo. Ainda não descobriram que a mudança começa por eles próprios. Quis saber que sugestões tinham. Muitos deles não responderam, mas aos que responderam abri o caderno e anotei-as tal como as ouvi. Ouvi dezenas de sugestões. Deixo aqui algumas delas. São representativas. E não precisam de grandes comentários.

3. Questões á procura de resposta

Sou gerente de Hotel: A relação do turismo com os hotéis deve ser mais participada. Dar conta, por exemplo, de certos acontecimentos previstos para Coimbra. A hotelaria poderá, então, decidir preços e acções conjuntas. (Ex: aqui há tempos, começámos a ter uma procura anormal para alojamentos. Só mais tarde verificámos que era para o espectáculo da Madonna! Já não fomos a tempo de concertar nada!)

Eu sou Operador turistico: Dantes tínhamos reuniões na câmara com responsáveis do turismo. Eram muito úteis! Informavam-nos do que se ia passar, davam-nos folhetos e informações úteis. Perguntavam-nos com que turistas estávamos a funcionar! Sentíamos que estávamos a trabalhar por Coimbra e o nosso esforço era reconhecido!

Eu sou dono de Agência de Viagens: Olhe vai ali o Yellow Bus!! Aqui na agência ninguém sabe donde parte nem quando funciona! Parece o autocarro fantasma! Às vezes deixam os turistas à espera horas e horas, até que estes (coitados) acabam por desistir. Chegam aqui, desanimados!

Eu sou turista inglesa, vou cá estar um dia: Perguntei no turismo, onde se pode fazer “shopping”! Responderam-me que há dois locais em Coimbra. O Fórum e o Dolce Vitae. É verdade?

4. A importância de ouvir a população

Com tantas entidades e especialistas ligados ao turismo, em Coimbra (ensino superior, órgãos autárquicos, entidades diversas) a maior parte das sugestões representam pequenos pormenores. Mas fazem toda a diferença. A população sente, acima de tudo, uma falta de comunicação e de proximidade, que os desmotiva ainda mais. Estamos convencidos que sair dos gabinetes, ouvir a população, andar pela cidade, olhos abertos, ouvidos atentos, dialogo franco, espírito solidário é factor chave para uma gestão autárquica de sucesso. E não precisa de grandes recursos financeiros para ser realizada. Apenas, diponibilidade e bom senso.

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