Opinião – A Júlio o que é de César

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GONÇALO CAPITÃOGonçalo Capitão

Durante muitos dias não soube como abordar a demissão de Paulo Júlio do cargo de Secretário de Estado para a Reforma Administra e, em alternativa, fui lendo o muito que se escreveu.

Tratando-se de um amigo e de um dos mais inteligentes e competentes políticos da minha safra, creio que o tempo de meditação me permite ter uma opinião mais objectiva sobre aquilo que reputo de uma perda de monta para o Governo e para os portugueses.

Antes do articulado justificativo, atalho eventuais tentações de “malandrices de algibeira” a respeito da minha opinião: entendo que qualquer ilegalidade comprovada e transitada em julgado deve ser punida, que mais não seja, em homenagem ao órgão de soberania que é corporizado nos tribunais.

Dito isto, tal não significa que concorde necessariamente com as leis. Venho, aliás, escrevendo e dizendo que me parece que têm sido feitas demasiadas cedências legislativas no sentido da menorização dos agentes políticos; de tal modo que, hoje em dia, podemos concordar que só aceitará o ónus de o ser quem seja dependente da vida partidária ou pessoas com extrema e genuína dedicação à causa pública, dado o constante escrutínio e até enxovalho e o facto de haver salários bem mais tentadores na iniciativa privada, que não impõe o mesmo grau de devassa, inclusive, da vida privada.

Vem isto entroncar na ideia de que muitas das escolhas para lugares dirigentes – relembro que a demissão de Paulo Júlio teve a ver com o alegado favorecimento de um primo em segundo grau num concurso da Câmara de Penela, a que, à data, presidia – são condicionados por critérios de pretensa objectividade que desprezam em absoluto a confiança política que deve existir entre eleitos e dirigentes que têm por missão concretizar um projecto político sufragado nas urnas. Dir-me-ão que as regras dos concursos visam prevenir abusos… Pois bem, mas a meu ver os abusos, a existirem, devem ser castigados, sendo errado partir de um pressuposto generalizado de desconfiança.

Contudo, o Mundo é como é e não como nós queremos que seja, e acabámos por deitar pela borda fora um talento… Mas que fique clara uma dúvida que paira inevitavelmente no ar: será mera coincidência uma notícia velha de anos vir a lume quando Paulo Júlio “pisou alguns calos” com a anunciada fusão de freguesias? Não branqueando um eventual erro passado, fica o convite à meditação.

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