Maria Manuel Leitão Marques
“A cidade deve muito ao carácter interdisciplinar da sua Universidade”, afirmava-se na semana passada num programa sobre Coimbra da RTP Internacional . Começou com a história de Dona Inês de Castro e acabou na Critical Software.
A cidade pode dever muito ao carácter interdisciplinar da sua Universidade, mas a Universidade está ainda longe de aproveitar essa vantagem em todas a suas potencialidades. É pena, porque as condições de Coimbra, não sendo únicas no país, têm especificidades dificilmente repetíveis nas Universidades de Lisboa e Porto, por exemplo. Os investigadores e os estudantes trabalham fisicamente perto uns dos outros. As deslocações têm poucos custos de transação. Há locais de encontro, de atividades e de trabalho comuns. (Infelizmente não tantos como devia acontecer no caso dos investigadores, se compararmos com outras universidades por esse mundo fora).
Contudo, quando olhamos com mais profundidade para o panorama do ensino e da investigação das nossas faculdades ainda há poucos exemplos onde essa interdisciplinaridade exista efetivamente nas respetivas práticas quotidianas. No casos em que se verifica, raramente se misturam as ciências sociais e humanas com as outras. Faltam ainda muitas pontes úteis e criativas entre ambas.
Este é um desafio cada vez mais atual, diria mesmo urgente. Desde as áreas que julgamos mais tecnológicas, mas cujo sucesso depende da compreensão sociológica do contexto onde vão ser inseridos novos serviços e funcionalidades, e do conhecimento da psicologia dos seus utilizadores, a muitos outras em diferentes domínios científicos.
A cidade poderia dever muito mais à interdisciplinaridade da sua Universidade! E a Universidade às condições que a sua cidade lhe oferece para tal.