O bastonário da Ordem dos Médicos (OM), José Manuel Silva, afirmou, esta segunda-feira, em Coimbra, que a concentração de unidades hospitalares não significa, necessariamente, uma poupança, pelo contrário, pode aumentar a despesa.
“Há decisões que são tomadas” sem serem “convenientemente estudadas” e “fundamentadas”, considerou o bastonário, alertando para o facto de “a concentração de unidades hospitalares” não resultar, “necessariamente, num meio de poupança”.
Nalguns casos, a agregação de unidades de saúde “é mesmo geradora de desperdício”, sustentou José Manuel Silva, que falava, hoje, em Coimbra, na conferência sobre saúde e segurança social ‘O Estado pode continuar a tratar de nós?’, promovida pelo semanário Expresso, no âmbito do seu 40º aniversário.
Há, por vezes, “decisões pouco transparentes”, afirmou o bastonário, exemplificando com a Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, cuja decisão do seu encerramento terá sido “precedida de um estudo”, mas que “não é público”. A Ordem dos Médicos já solicitou esse estudo “mas ainda não veio”, frisou.
O SNS (Serviço Nacional de Saúde) em Portugal é “sustentável e barato, se comparado com a média da OCDE” (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), tem “altíssima qualidade” e “não exclui ninguém à partida”, sustentou o bastonário dos médicos, considerando que os cidadãos têm de “exigir que o Estado gira os recursos de acordo com as necessidades”.
Trata-se de “uma decisão política, mas são os cidadãos quem paga”, sublinhou.
O modelo de SNS português é de “excelência”, tem de ser “preservado”, mas pode “melhorar” e deve “ser melhorado”, disse José Manuel Silva, reconhecendo que é necessário “combater o desperdício”.
Mas, advertiu, é surpreendente que “não aconteça nada às auditorias do Tribunal de Contas”, isto é, elas apontam erros e correções, mas “isso nunca tem consequências”.
Na conferência, no auditório do Conservatório de Música de Coimbra, moderada por Pinto Balsemão, participam também o cirurgião Manuel Antunes, o antigo ministro da saúde e eurodeputado Correia de Campos, o docente da Faculdade de Economia e diretor do Centro de Estudos e Investigação em Saúde da Universidade de Coimbra, Pedro Ferreira, e o ex-secretário de Estado da Segurança Social e professor do ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão) Fernando Ribeiro Mendes.
Texto Agência Lusa