Chego da comemoração do 18 de Janeiro, na Marinha Grande. Acompanhei os amigos vidreiros, neste dia em que se honram por serem terra e classe que tem dia e gente para festejar. Feliz terra e povo que não desdenha e lembra os seus ilustres e dias grandes, mesmo de glória e morte em vão. Não vou, hipocritamente, dizer que sinto a data como eles. Tinha então 3 anos e a formação cultural não me teria permitido acompanhar o espírito de revolta que os lançou na aventura, se mais velho fôra, traídos, pelos que dela fugiram. Ontem como hoje, o servirem-se os políticos do povo, contra o povo. Reconheço, porém, a grandeza de espírito dos que lutaram. O despertador seria o galo, mas a consciência do não lhes convir (errados estivessem) não os adormeceu, amarrados ao reclamar, sem agir. Tempos graves, aqueles, quando se incitava a ser “Todos pela Nação”, que podia não ser a Nação esperada e desejada por todos – embora não fossem “contra a Nação” – mas era livre, como livre era no criticado “Orgulhosamente sós!” Portugal, porém. Hoje, ocupados, com governo a mando alheio, como só o foi sob o domínio de Espanha e do “rei” Junot. Com factotens da TROYKA, como então do conde duque de Olivares ou do governador de Paris, somos incapazes de acção que grite a discordância com o desgoverno do povo logo do País, pois, governar contra o povo é contra Portugal. E não venha CPP, por si ou ministro mandado, vertendo lágrimas de crocodilo, dizer que salvou Portugal. Patriotismo tal, lembra-me Óscar Wilde, quando dizia que certo patriotismo “é a virtude de cobardes” oportunistas.
Na segunda década do século XXI, já ninguém pensa que os comunistas comem criancinhas ao pequeno almoço, mas começamos a pensar que o governo de CPP “come” o pequeno almoço das nossas crianças, muitas das quais, se o têm, o devem às instituições de solidariedade social: Misericórdias e outras, laicas ou religiosas, não ao governo. O governo demitiu-se, como não apenas se demitiu, mas ferozmente ataca os velhos, que se vão morrendo perante o vil alheamento governativo, quiçá a esfregar as mãos quando sabe que mais um foi encontrado morto no abandono de uma velhice desamparada. Porém, este governo faz-se sempre representar, até a nível ministerial (cf. DM e o ministro Pedro Mota Soares) quando sabe de qualquer acção, visando o minorar o mau passar do fim de vida de quem acreditou no Estado e lhe confiou as reformas ou pensões, pensando lidar com pessoa de bem e não com vilão de má fé, que lhas sugou.
Perante tudo isto e um PS sem carácter nem crédito, internamente desunido que, na ânsia do não compromisso, traz à ribalta (ou o permite) Pedro Silva Pereira, maquiavélico braço direito do milionário emigrante em Paris (à custa de quem e para quê, além do fugir às responsabilidades da desventura deixada?); destaca José Junqueiro que em consecutivas legislaturas nem os interesses de Viseu presou; mantém o inútil produto da JS que é (verrinosamente mau, quando poder) Jorge Lacão a par de falsos “Cids” de questões fracturantes alheias ao povo. Sem esperança, na prática que muda e transforma, na demais oposição. Com um PR palavroso mas alheio. Com dúvidas sobre a não subordinação da prática jurídica ao interesse partidário pelo Tribunal Constitucional, nada fica.
Melhor, resta a força históricade ser português.
Para despertar, para lá do galo, queda a fé no que somos, pelo que fomos.