João Azevedo
A austeridade imposta aos portugueses pelo Governo, tendo sempre como «desculpa» o programa com a troika, traduz-se em mais desemprego, mais falências, menos crescimento económico e mais recessão. Todos vêm isto, menos o Governo. Esta semana, o Banco de Portugal aponta para uma recessão mais profunda em 2013, alterando a projeção de uma quebra de 1,6% que tinha em novembro para um recuo de 1,9%, devido às medidas orçamentais e à desaceleração das exportações.
No Boletim Económico de Inverno publicado esta semana, o Banco de Portugal explica que «em 2013, a implementação das medidas de consolidação orçamental incluídas no Orçamento do Estado para 2013 (OE2013 ) contribuirá para uma queda significativa do rendimento e da procura interna». Este é um indicador gravíssimo e que, mais uma vez, explica ao nosso Governo que o caminho que estão a seguir está mal. É profundamente errado e terá consequências devastadoras para a nossa economia e para a população.
Este boletim refere ainda que Portugal chegará a 2014 com menos de 4,6 milhões de empregados, ou seja, a economia portuguesa terá destruído 72.500 empregos em 2011, outros 179 mil no ano passado e em 2013 eliminará 88.500 postos de trabalho. No total, estes três anos – marcados pelo programa de ajustamento da troika -, irão traduzir-se numa redução recorde do nível de emprego na ordem dos 340 mil empregados. Muito mais do que nos dois ajustamentos anteriores, em 1997/78 e em 1983/84, liderados então pelo FMI.
Para além do Banco de Portugal, que nos traça um cenário bastante pessimista, esta semana a ONU alertou para o grave risco de uma nova recessão se não forem adotadas medidas de combate ao aumento do desemprego no mundo. A ONU considera que as atuais políticas económicas baseadas na austeridade fiscal e nos cortes orçamentais não conseguem oferecer o que é necessário para incentivar a recuperação económica e conter a crise do emprego. Considera ainda que a debilidade das economias dos países desenvolvidos é a principal causa do abrandamento económico, principalmente dos países europeus, que enfrentam um círculo vicioso de altas taxas de desemprego, fragilidade do setor financeiro, riscos soberanos crescentes, austeridade fiscal e baixo crescimento.
E as más notícias não se ficam por aqui. Uma séria de marcas de referência estão a despedir massivamente trabalhadores e a fechar portas em alguns países, como é o caso da PSA Peugeot Citroën, da Renault, da Vodafone e muitas outras… Estas políticas de austeridade impostas pela europa, e que estão a ser aplicadas de forma massiva e inconsequente em vários países da comunidade (como é o caso de Portugal), estão a afundar de vez a economia de toda a europa. E é claro, os países mais pequenos são os que sofrem mais e os que se afundam mais…. Esta crise veio para ficar, parece não ter fim à vista mas cabe aos nossos governantes olharem para todos estes cenários e encontrarem a solução para o crescimento económico. Acho que, pelo menos, todos já entenderam que o caminho é o do crescimento económico e não o da austeridade e o da injustiça social.