O Estado transformou-se num Estado que nunca disse, nem diz a verdade e imposteiro (pela carga fiscal cada vez mais elevada e obra cada vez menos – improdutividade quase total).
A minha memória recorda: que entre 1969-1972, uma missão militar francesa composta por militares – paraquedistas que tinham estado na Argélia, chefiada por um coronel paraquedista -, na recepção do Governo Geral expressou-se: “pelo que vimos, são os únicos capazes de ganhar esta guerra; só a perdem ou por colapso financeiro ou por traição” , a que eu, hoje, acrescento: por ingenuidade e impreparação política e social.
Não fora estes últimos aspectos nunca o “Político da esperança” perante uma manifestação grandiosa (a que em espírito me associava), aos ombros, na Estação de Santa Apolónia teria pronunciado a frase “Nem mais um soldado para as Colónias”.
Consequências disso: uma companhia no aeroporto recusa-se a embarcar, não embarcou, a partir daí perdeu-se a autoridade de Estado que nunca, até hoje, se recuperou.
Eu recordo, logo de imediato ao 25 de Abril, uma assembleia geral da Universidade, no Teatro Académico Gil Vicente, repleto, uma proposta vai para a mesa: “Angola para o MPLA; Moçambique para a Frelimo; Guiné e Cabo Verde para o PAIGV”. Votação com a mão ou punho no ar. Não à votação secreta. Aprovada com um único voto contra. Instalado o terror. Esta metodologia foi extensiva a todo o país. Implantado o marxismo-leninismo. Deus nos valha, e, valeu!.
A ofensa ao Arcebispo de Braga no aeroporto da Portela, em Lisboa, as manifestações de desagrado em Braga, Aveiro e Coimbra; perdeu-se o medo, acabaram as barreiras e tudo termina com a manifestação grandiosa na fonte luminosa, em Lisboa.
Basta citar isto! Uma réstia de liberdade começou a emergir e não fora Jaime Neves, Costa Gomes, Ramalho Eanes, Melo Antunes, Vasco Lourenço e, a sua sensatez, não teria havido o 25 de Novembro. Ou, sem estes, teria havido um banho de sangue como muitos desejaram se tivesse seguido ao 25 de Abril. Esqueçam-se os cercos à Assembleia da República, o cerco no Porto ao congresso do CDS.
Cessem os ódios e as lutas de classe (que já não há, só há miséria). Unamo-nos! Que interessa o partido a que se pertence? Que interessa a religião que nos embala a alma, se não tivermos dignidade e nos faltar o pão? Cessem os confrontos de palavras, que a continuarem levarão à intransigência de posições e ideias, ambas levarão aos confrontos físicos, ao derrame de sangue… e, oxalá, não levem à guerra!?
A responsabilidade é de todos nós. Responsabilidade da crise é tarefa de todos. Apelo ao senso, à verdade e ao reconhecimento como aconselho no meu livro “Amar Portugal. Contas aos netos”.
09-01-13