Uma exposição de incontestada qualidade sustentada em motivos do património natural e humano, evidenciando, sobremaneira, os valores da natureza na grandeza da sua policromia e nos contrastes encantadores que a moldam, bem como na beleza que irradia da figura feminina, quando observada no esplendor da sua forma física e recebendo a subtileza harmoniosa do seu corpo, encontra-se patente na galeria de arte de “A Previdência Portuguesa”.
A autora, Alda Belo, artista plástica e poetisa de reconhecido valor, graças à fulgurância da sua criatividade e dos sentimentos veiculados nas suas artes, oferece ao visitante um ramalhete de belos quadros, materializados na mensagem que transmite e na finalidade da sua criação. Entendemos, na análise que nos propusemos fazer, que cada pintura é um autêntico poema, demonstrando que a arte de criar poesia associa a arte de pintar. Há na mostra a maturidade da autora, testemunhando que as duas artes – pintura e poesia – exigem tempo sem tempo, aprendizagem constante e prática permanente. Qual laboratório que obriga a esforço e paciência evangélica, dedicação, empenho e disponibilidade do especialista/cientista para obter o resultado desejado, também os trabalhos pictóricos de Alda Belo abraçam essa exigência, porquanto impõem a articulação das cores com a sensibilidade e a interação do motivo escolhido com o pendor salutar da emotividade do artista. Desta capacidade nasce a beleza observada e interiorizada, e a expressividade dos sentimentos.
Se alguns quadros revelam o esplendor das naturezas mortas na delicadeza dos pormenores, qual caleidoscópio que amplia e favorece a cor, outros engrandecem a beleza feminina dotada de sensualidade e distribuída no rosto e modelação do corpo, parecendo quadros vivos. Persiste em todo o conjunto pictórico em exposição, um universo de riquezas que afirmam que se a poesia não se explica mas comunica e não se consome num momento, tal como a vida que deve ser vivida devagar e sem pressas, a pintura de Alda Belo é uma força expressiva presente na qualidade que expande. Contextualiza a linguagem da alma, em que o ritmo do pensamento rasga o ego da artista e se expõe na plenitude das suas virtualidades. Obriga a meditação criativa antes e durante o processo de elaboração, logo não prescindindo de ser “bebida” sem pressas, saboreada devagar, e não como o olhar furtivo com que se observa um beijo de namorados. São composições exuberantes e prenhes de encantamento. Como escreveu o Dr. Manuel Bontempo, ilustre crítico de arte: “Alda Belo transfigura os valores estéticos para lhes dar uma forma dialética, despertando o espírito humano e para que o público goze a delícia do convívio cultural”.
Alda Belo permanece na galeria até final do mês. Os cultores ou não da arte devem aproveitar os dias que restam para visitar este cenário maravilhoso doado pela arte da talentosa artista e poetisa de Coimbra, Alda Belo. Os seus trabalhos validam uma catarse de valores que saciam o espírito e alegram a alma. Uma artista que caminha segura na insatisfação de realizar, ainda melhor, o produto da sua imaginação criativa.