Opinião – A culpada

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M. Pignatelli Queiroz

M. Pignatelli Queiroz

“Foi a cobra!” – No 1º Liceu que frequentei ( 1º e 3º ciclos) – Nun´Álvares, em Castelo Branco – notavam-se amizade e camaradagem que ainda hoje perduram entre os que vamos sobrevivendo, vizinhos e no almoço anual que junta Colegas e Famílias.

Com as nossas traquinices, habituais, a união predominava. Mas não havia exageros dos comportamentos, pois educação, bom trato, socialbilidade alargada, imperavam em todos. Claro que havia os nossso regulas, mestres nas “partidas”, nas “petas”, no “gozanço”, procurando actuar numa clandestinidade“gabarola”.

“O quê? …nós não temos nada com isso!”. Ouvia-se logo o côro dos presentes entoando o refrão de uma cantiga então em voga: “A culpada, a culpada foi a cobra!”. Hoje, esta expressão aplica-se numa vida quotidiana em que os valores, a honra, a verdade, se subjugam e perdem cada vez mais o sentido.

O “culpado condenado” é o motorista, o varredor, o sem-abrigo; os inúmeros grandalhões com culpa centuplicada, viram, ou verão, os seus processos prescreverem. Se é, de facto, culpado, é obviamente correcta a decisão que condena um presidente de câmara, especialista nas ilegalidades que basearam a sentença – ordenamento e ambiente.

Mas há tantos GRAÚDOS que aguardam resultados de investigações, continuações de julgamentos, sentenças e outros que são, quiçá “absolvidos dado o seu prestígio social e boa inserção no meio” ou GOZAM das prescrições!

As grandes redes de interesses são inimputáveis. Os que governam neste momento (…) são os únicos culpados de(s)derrocada(s), fazem tudo errado, mas os acusadores nem sequer apresentam alternativas e “esquecem-se” de que, quando mandavam, a (falta de) qualidade das obras nada tinham a ver com os projectos (salvo os com “erros”) mas com os “desvios” na execução … E, depois, é verdade, “a culpada, a culpada, foi a cobra”!

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