Fio de prumo – A dimensão lusófona do crescimento

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LUÍS PARREIRÃO

Luís Parreirão

As previsões do crescimento económico para 2013 são pouco entusiasmantes. E não é um problema português!

As previsões apontam para uma diminuição do produto, em Portugal, de quase 3%, importando ter presente que as previsões para a zona euro são de estagnação, prevendo-se mesmo uma diminuição de 0,2% no produto.

No entanto, pior que as previsões para 2013, são as previsões para os próximos cinco anos. A um mundo que parece querer retomar o crescimento no final deste ano e crescer até 2017 a um ritmo de cerca de 4% ao ano, contrapõe-se uma zona euro que se manterá a crescer cerca de 1% ao ano durante o mesmo período. Já os crescimentos mais significativos ocorrerão, e por esta ordem, na China, na Ásia e Australásia, e na África subsaariana, com crescimentos que oscilarão entre os sete e os cinco por cento ao ano.

Para além das implicações políticas de longo prazo, e da consequente reconfiguração das relações de forças mundiais que destes crescimentos resultarão – tema que aqui se não tratará -, as consequências de curto prazo devem levar à fixação de uma estratégia de país e à sua rápida execução.

Estratégia que, levando em conta o que se acaba de dizer, deve ainda valorar especialmente o seguinte:

Dos dez países ou territórios que mais crescerão em 2013, quatro falam, ou também falam, português – Macau, Angola, Timor-Leste e Moçambique -, que crescerão respectivamente 14%, 9%, 8% e 8%. Não se devendo, em caso algum, esquecer o Brasil que se prevê venha a crescer 3,5%.

Portugal ou cresce a um ritmo superior ao da zona euro, ou não seremos capazes de ultrapassar a situação actual. Uma coisa é sabermos que não existe solução global que não seja europeia, outra, bem diferente, é ficarmos à espera que a Europa resolva os nossos problemas.

Não será possível concentrarmo-nos, capacidades e recursos, nas zonas/países em crescimento e criar as condições políticas e económicas para ali reforçar a presença das empresas e produtos portugueses?

Não conseguiremos criar condições para que uma parte dos recursos financeiros libertados por aqueles crescimentos seja captada sob a forma de IDE (Investimento Directo Estrangeiro) em Portugal, especialmente nas suas empresas industriais?

Não teremos a ousadia de avançar para a criação de um estatuto de cidadania lusófona que permita uma circulação e instalação de pessoas – singulares e colectivas – hoje dificultada?

Não seremos capazes de perceber que países em crescimento terão condições para formar mais cidadãos e que as nossas escolas, dos diversos níveis de ensino, poderão ter um papel decisivo e único?

A invulgar dimensão lusófona do crescimento é um enorme desafio e uma enorme oportunidade. Se não a soubermos rapidamente desenvolver, outros o farão!

Nota: os dados quantitativos referidos no texto são maioritariamente retirados da revista “The Economist “ e da sua Economist Intelligence Unit.

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