O desemprego é um fenómeno preocupante em Portugal. Impulsionado pela atual crise e pelas medidas de austeridade recessivas tem atingindo consecutivamente valores históricos nos últimos meses.
Trata-se de um problema social grave e que apenas se resolverá com crescimento económico. Contudo, mais preocupante se torna, quando é público que apenas metade dos desempregados recebem subsídio de desemprego. Mais de metade dos cerca de 800 mil desempregados não têm quaisquer tipos de rendimentos ou apoios sociais.
Ao projetarmos o ano de 2013 e respetivos indicadores económicos, conseguimos facilmente prever que a tendência recessiva vai continuar e que o crescimento económico não é para breve e por conseguinte os índices de desemprego não tenderão a diminuir, mas sim a atingir um pico histórico neste ano.
Os desempregados de longa duração dificilmente conseguirão entrar no mercado de trabalho e por isso assistiremos a curto prazo a um perigoso aumento dos desempregados sem apoios sociais. Um cenário dramático para muitas famílias que dependem, hoje, das prestações sociais e que poderão, muito brevemente, ficar por conta própria, desamparadas, às portas da miséria total.
A solidariedade, que é um princípio constitucional de um estado de direito democrático, não deve nunca ser confundida com caridade. Infelizmente estamos a caminhar para um estado em que a caridade começa a ter proporções significativas, sendo reveladora de um estado a empobrecer a passos largos.
Com as tendências atuais, o estado social e solidário está a dar lugar a um estado de caridade e de profunda precaridade.
Durante 2013 assistiremos a um agravamento dos índices de desemprego, da nossa qualidade de vida e de um estado em que se agudizarão os problemas das famílias e dos desempregados. Este não é o caminho.