Gonçalo Capitão
Sendo a última vez que vos maço antes do Natal – e aproveitando para desejar a todos um Natal feliz e uma entrada com coragem no sombrio ano de 2013 (vai ser mesmo ano de azar) – escolhi um tema de nota positiva.
De facto, dei comigo a pensar (desporto que, apesar de bastas vezes infrutífero, creio dever praticar na minha actividade cívica) que raramente se destacam os bons exemplos da vida política e que, quando tal sucede, se sublinha, não raras vezes, a vertente sensacionalista desta ou daquela prestação.
Pois bem, reagindo contra essa tendência, destaco aquele que para mim é, já há algum tempo, uma certeza da nossa política; falo do Deputado do CDS e meu amigo João Pinho de Almeida.
Lembro-me bem da amizade quase instantânea que fiz com o jovem parlamentar que, em 2002, como eu entrava no galarim da nossa democracia (para mim a actividade parlamentar continua a ser o zénite da participação política) e que muitos colegas do meu partido e até do seu CDS olhavam com cepticismo, ora pela sua juventude (defeito eventual que sempre disse que, inexoravelmente, passaria com o tempo…), ora pela impetuosidade e descontracção (responsável, todavia) com que encarava os debates.
Sempre gostei de “fazer equipa” com o João Almeida, pois pressentia que muito mais viria de um neófito que, mesmo na estreia, revelava já vontade de estudar as matérias, de as discutir e de lutar pela sua perspectiva das mesmas, por muito que o “sorteio” lhe reservasse adversários de outra “divisão”. E quão certo estava… Cerca de três anos volvidos, a máquina e o líder de então do meu partido mandavam-me para o “banco de suplentes” e depois para a condição de dispensado (assim contrariando os vaticínios de alguns) e o João continuou em “campo”, evoluindo no estilo sem perder na contundência.
Para relembrar apenas duas intervenções recentes, destaco a sua declaração de voto no Orçamento do Estado, eivada que foi de preocupações sociais, designadamente com a família e o fardo excruciante a que está a ser sujeita, e a exigência de atenuação das condições impostas a Portugal pela troika, por analogia com a situação grega e magistralmente concertada (dedução minha) com Paulo Portas, para mim e de há muitos anos a esta parte, um dos mais inteligentes políticos nacionais.
Lembro-me das declarações do lendário Peter Schmeichel que sobre o seu filho Kasper, disse ter percebido ter vocação para ser um bom guarda-redes quando, em determinado jogo, o viu emergir acima de um cacho de adversários e colegas. Descontando a parte tutelar/familiar (que inexiste entre mim e o João) e para os que ainda tinham dúvidas, creio que este ano foi o ano em que o João Almeida, sem margem para dúvida, emergiu acima de muitos que até podem vir a ter uma carreira mais longilínea. Dos outros 229 deputados (onde há, evidentemente, gente de gabarito) não curo por ora, mas este, digo eu, é aposta ganha.
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