O diretor do Jornal do Fundão, Fernando Paulouro, anunciou hoje que vai abandonar o cargo devido a alegadas interferências da gestão no rumo editorial do semanário da Controlinveste.
“O poder financeiro comanda tudo e o jornalismo tornou-se numa área de difíceis equilíbrios onde não faltam sujeitos sem escrúpulos capazes de vender a alma ao demónio” com a justificação de “salvar o negócio”, referiu.
Fernando Paulouro falava numa sessão de apresentação do livro “Crónica de um país relativo”, que reúne textos que escreveu no semanário, realizada hoje no Fundão.
A obra foi apresentada pelo constitucionalista Gomes Canotilho e pelos escritores e cronistas Artur Portela e Arnaldo Saraiva, numa sala onde marcaram presença diversas figuras públicas da Beira Interior e os presidentes de câmara do Fundão e Covilhã.
O jornalista e escritor queixa-se de nunca ter obtido respostas satisfatórias da administração ao longo “do último ano” em que “continuadamente” chamou a atenção para questões do foro editorial e de gestão que “por agora não vou trazer à minha fala”.
“Direi apenas que nunca obtive respostas satisfatórias e tranquilizadoras, enquanto um chamado diretor-geral colidia com o estatuto editorial do jornal”, sublinhou.
Contactado pela agência Lusa, o diretor-geral do título, Vasco Pinto Leite, disse estar “espantado” com as acusações.
Aquele responsável refuta as críticas e diz apenas ter feito sugestões sobre temas que gostaria de ver “tratados de outra forma” no sentido de “modernizar” o título e “sem outras pretensões”.
Recusando-se a adiantar mais pormenores, refere que a saída do diretor se justifica com o seu pedido de reforma.
Fernando Paulouro fez um elogio rasgado à redação que dirige, fazendo votos para que consiga continuar a trabalhar “sem mercantilização da informação, como produto sem certificado de garantia”.