O Albano é o único português nomeado para o Prémio BESphoto2013, a mais importante distinção na área das artes visuais em Portugal?
Eu tenho um misto de sensações em relação ao prémio. É gratificante e é também um desafio. Quando construi a exposição para a Galeria Graça Brandão, em dezembro de 2011, fi-lo exatamente como sempre fiz a minha obra, para mim a arte não existe sem a vida. A minha conceção sobre a arte, em particular sobre as artes visuais, sobre a fotografia, é de um profundo humanismo, tem de existir afetividade, tem de existir memória. A arte para mim não é assética, não é formal, não é plástica.
A arte para si não é vazia?
Não é. Para mim, não. De maneira nenhuma. O meu exercício em termos de arte é um exercício de vida, é um exercício de depuração, de reflexão sobre a vida, sobre o confronto, sobre o diálogo que eu tenho com o mundo, seja com a natureza, seja com a paisagem, seja com as pessoas. Antes de tudo, existe uma atitude ética irrepreensível. Radical, diria eu. Portanto, como diz o júri [do Prémio BESphoto], há uma atitude de respeito pelo outro na minha obra. A minha obra, teve uma fase experimental, há muitos anos, e, depois, produto das limitações e das opções que eu fiz, uma opção de sobrevivência …
… com a sua obra a ficar um pouco entre parêntesis?
Não entre parêntesis, na medida em que eu construi sempre exposições. Só que em vez de o fazer todos os anos, foram de quatro em quatro ou de cinco em cinco anos. Porque quando faço a minha grande exposição, em 1990, com Ana Marchand, no Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, faço-o já num espaço de uma referência institucional, de um sentido crítico e de uma qualidade que são o topo em Portugal.
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