Opinião – O desnorte dos liberais/comunistas

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Luís Vilar

Não pretendo, naturalmente, ofender nem os Liberais, nem os Comunistas, mas a dramática situação que se vive na União Europeia deve-nos fazer pensar porque quererão os adeptos do neoliberalismo ligar o capital privado aos Estados.

Na verdade, parece confuso, uma vez que há Estados que não precisariam de ser resgatados, porque só a banca é que necessita de ser financiada.

Insiste a Sra. Merkel que não pode haver empréstimos só para os bancos, têm de ser os Países a tutelar tais empréstimos. Tal como, em Portugal, o Ministro Gaspar queria mandar nas empresas se os Portugueses tivessem aceitado a trapalhada da TSU que inventaram.

Mas, tanto quanto sei e aprendi, a economia de mercado não deve ser controlada pelo Estado patrão a menos que, para proteger o capital especulativo, até convenha o “comunismo/liberalista” que, mesmo não existindo, pode dar jeito ao “capital de circo” que hoje se encontra espalhado pelo Continente Europeu.

No meio desta confusão de conceitos, vai governando o sector financeiro, de forma directa, ou indirecta, tanto mais que as cimeiras europeias vão perdendo cada vez mais a sua importância, sabendo-se de antemão que estão condenadas ao fracasso.

Se nos lembrarmos que, dos 27 Estados membros, só 17 pertencem à zona euro, é fácil compreender que qualquer cimeira que tente uniformizar o sector financeiro está, obviamente, condenada ao fracasso.

Mas, entretanto, os Países do Sul da Europa continuam com dificuldades socioeconómicas, sem que se veja o fim para a recessão, para o fim do desemprego, para a manutenção de uma classe média, para o fim da pobreza abaixo dos limites da dignidade humana.

Esta receita que dura na Europa há mais de 4 anos, austeridade sobre austeridade, já se viu que não resulta, e para quem ainda tem dúvidas basta ler os relatórios do endividamento de Portugal em 2009, 2010, 2011, 2012. Temos vindo sempre a subir no aumento do défice público.

Por outro lado, se o Estado Português, com a anuência da Troika, aceitou o passivo (lixo) no caso BPN, porque motivo não poderá o mesmo Estado, com taxas de juro de 1 a 2%, criar um banco para apoiar os principais responsáveis por mais de 80% do emprego em Portugal – as micro e pequenas empresas com menos de 20 trabalhadores?

Aqui entra a Sra. Merkel e outros líderes europeus, dizendo que os Estados não podem interferir na economia.

Das duas, uma: ou a crise dos défices públicos é verdadeira, ou parte é verdadeira e outra é gerada pelos mercados financeiros e Estados ricos ( a Alemanha, há dias, confessou que tinha ganho uns bons milhões de euros com a desgraça financeira da Grécia ).

Uma mensagem tem de ser transmitida até à exaustão:

– Não há Finanças sem ECONOMIA.

Na Europa e, em particular, em Portugal, começa a verificar-se a influência do Grupo Bilderberg, através de algumas intervenções de figuras do mundo financeiro português, uns pedindo mais austeridade, outros pedindo uma maior flexibilização do Trabalho, através de revisão constitucional.

O sector financeiro, em Portugal, depois de termos regressado aos rendimentos de 2000, ainda consideram que alguns “privilégios” da população portuguesa não podem continuar.

A sofreguidão pelos lucros financeiros, invariavelmente, especulativos, não conhece a palavra Humanização. É esta a “globalização” que dizem ser uma inevitabilidade?

A soberania dos Estados deve ser soberana, através da Regulamentação, e não se deixar vergar aos Liberais/Comunistas, com a capa de grandes democratas.

A Europa terá de reagir a este estado de coisas, ou não fará qualquer sentido existir, para servir estes especuladores financeiros.

Continuo a defender a Europa dos Cidadãos e não a que hoje se verifica.

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