Um estudo realizado por uma investigadora da Universidade de Aveiro (UA) conclui que há “falta de articulação” entre os serviços de saúde público-privados, e um envolvimento “precário” dos profissionais de saúde, no programa de rastreio do cancro da mama.
O estudo de Célia Freitas, realizado no âmbito da sua tese de doutoramento em Didática e Formação, a que a Lusa teve hoje acesso, procurou saber porque é que apenas 50 por cento das mulheres do concelho de Aveiro aderem ao programa de rastreio da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC).
A investigadora justifica esta adesão com o facto de os profissionais de saúde “encaminharem as suas utentes para o radiologista privado”, devido a “algum desconhecimento sobre o funcionamento do programa”.
Esta situação, de acordo com Célia Freitas, “reflete alguma falta de articulação entre os serviços de saúde público-privados e o precário envolvimento dos profissionais de saúde neste programa”.
A investigadora diz que esse cenário existe “talvez devido à maior responsabilização da LPCC pela sua organização e operacionalização no terreno, devendo as unidades de saúde apresentar estratégias no seu plano de ação, a fim de promover o programa de rastreio”.
Além dos fatores relacionados com o próprio sistema de cuidados de saúde, a investigadora detetou também a existência de “questões de ordem individual” que “bloqueiam” a adesão das mulheres do concelho de Aveiro ao plano de rastreio.
“É o caso das crenças individuais que estão relacionadas, por exemplo, com a fiabilidade do exame realizado na unidade móvel junto do centro de saúde, a sobrevalorização da ecografia mamária, o desleixo com a própria saúde, os exames preventivos, o esquecimento e a falta de tempo”, diz a investigadora.