Diário de S. Martinho do Bispo – Sempre gostei muito da Ribeira de Frades

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O que deve a câmara municipal à junta de freguesia, no que respeita aos protocolos de transferência de competências?

Não temos nada em atraso. Aliás, no que respeita à transferência das verbas dos protocolos de delegação de competências, nós, em S. Martinho, nunca tivemos grande razão de queixa, mas, este ano, então, não temos mesmo nenhuma.

Quanto é que já receberam, este ano?

Desde janeiro, já recebemos garantidamente 100 mil euros.

A Assembleia Municipal de Coimbra fez bem ao não se pronunciar sobre a reforma administrativa?

Não. Eu acho que fez mal. Mas a culpa foi da oposição, pois nós, PSD, tínhamos uma proposta, em que, em vez de 18, ficávamos com 22 freguesias. Só que, quando quisemos discutir com as outras forças políticas, todas nos deram para trás.

Mas, no seio dos autarcas de freguesia PSD, também não houve entendimento…

Se está a falar de uma reunião que houve, em Taveiro, é verdade. E eu até nem estive presente, para mal dos meus pecados. Mas eu também fui de opinião, depois, de que não deveríamos levar a nossa proposta à votação, pois corríamos o risco de perder. Agora, no final disto tudo, mais me convenço de que deveria ter havido uma concertação entre todas as forças políticas, sentadas à mesma mesa, porque é um tema de interesse de todos e não tem nada a ver com partidos.

Com o cenário de agregação de S. Martinho do Bispo a Ribeira de Frades, o senhor volta a poder candidatar-se…

Exato. Eu ainda não sei se vou ser, ou se quero, mas é verdade que posso.

Eu pergunto: quer voltar a ser candidato?

Pesando os prós e contras, admito que gostava de continuar. Embora isto dê muito trabalho, sinto que ainda não estou cansado e que ainda tenho muito para dar e coisas para fazer, na freguesia.

O que é que tem ainda para fazer?

O que mais me preocupa, nesta altura, é a segurança e o estacionamento, principalmente este. Veja o problema que é ali em cima, onde se concentram um hospital central e duas escolas superiores – uma delas, a das Tecnologias da Saúde, foi mesmo um escândalo, pois foi autorizada quase sem estacionamento. Depois, há ainda o centro de saúde, que foi outra vergonha, com a câmara e o Ministério da Saúde cada um a falar para seu lado. O que se vê é que nunca foi acautelado o estacionamento e agora é carros por todo o lado, em cima dos passeios. Ora, eu continuo a defender que o problema só se resolve com a construção de um silo no Hospital dos Covões, que tem espaço mais do que suficiente para isso.

Por que referiu também segurança?

Porque continuamos a ter o velho problema do posto da polícia que há anos anda a ser adiado. Há terreno, logo a seguir ao centro de saúde, mas não anda. E, pior, é a própria hierarquia da PSP a desencorajar a obra pois, como ainda há pouco tempo me dizia um comandante que cá esteve, não adianta nada fazer o posto já que a corporação não tem homens para lá pôr.

Todo o território da freguesia é da alçada da PSP?

Todo. Mas não posso dizer que o serviço que a polícia presta é positivo. A verdade é que eu, que ando todos os dias para um lado e outro da freguesia, passam-se semanas que não vejo a patrulha. E, quando passa, é a correr.

Que tipo de criminalidade é mais comum?

Há muitas queixas de roubos por esticão. Mas, em geral, tenho de dizer que a criminalidade que temos já não é tão pequena como isso. Já há casos graves e, como veio viver muita gente para a freguesia, o risco é que seja cada vez pior. Depois, o que se nota é que as pessoas têm cada vez mais medo e ouve-se com frequência dizer que, a partir de certas horas, já não se sai à rua para evitar maus encontros.

Voltando à reforma administrativa, pensa que a agregação com Ribeira de Frades é a melhor solução?

Eu sou um pouco suspeito, porque sou dos Casais, que pega com a Ribeira de que sempre gostei muito. Houve sempre boas relações entre as duas localidades… enfim, às vezes um pouco abaladas pelo futebol. Portanto, para mim, a anexação que sempre quis foi com a Ribeira. Mas, claro, não teria nada a opor se a solução fosse outra, com Santa Clara ou mesmo com Antanhol.

Entretanto, coma Ribeira a continuar de costas voltadas para Taveiro, não se resolvia o problema do enclave dos Carregais…

O que eu espero é que a reforma administrativa sirva também para resolver esses problemas, dos Carregais e de outros…

Está a referir-se também aos Alqueves?

Também. Veja que andamos nisto há tanto tempo e ninguém resolve nada. Eu estou convencido que tenho razão, ou seja, que os Alqueves são de S. Martinho. Digo isto baseado no testemunho de pessoas mais antigas. Mas estou absolutamente disponível para aceitar a convicção do [José] Simão. Agora, isto não pode ser assim, por convicções. Tem de haver alguém, ou alguma entidade, que decida de uma vez por todas e de forma a que ninguém mais tenha dúvidas.

O que deu a reunião entre os presidentes da câmara, de Santa Clara e de S. Martinho, na sequência do último incidente nos Alqueves?

O que deu foi que, em relação à placa – a que Santa Clara nos arrancou, para pôr lá a deles -, vai ficar lá apenas uma única, a dizer Caminho das Vinhas e com o brasão da cidade de Coimbra. Mas, enfim, já lá vão três semanas e nada… Quanto ao contentor [de recolha de roupas usadas para reutilização, que também foi removido pela Junta de Santa Clara], eu não desisto de que seja reposto o nosso, embora aceite que Santa Clara também lá ponha o seu.

O presidente da câmara aceitou ambas as soluções?

A primeira, da placa, até foi proposta por ele. Mas, quanto a esta segunda, do contentor, ficou de ir estudar o assunto. E parece que está demorado, o estudo.

Tem pena que a reforma administrativa não abranja também os municípios?

Não só tenho pena como acho que está mal desde o início. Aliás, a troika era isso que mandava. Mas não foi assim e começou tudo ao contrário. E agora, se dizem que há de chegar, numa segunda fase, aos municípios, então nessa altura como é que ficamos?

O fim das urgências noturnas, no Hospital dos Covões, foi uma perda para S. Martinho?

Foi uma perda, sem dúvida. Eu faço parte da Liga dos Amigos do Hospital dos Covões e não temos descansado com a luta que temos travado, comandada pelo dr. Armando Gonsalves (que tem sido incansável e merece todo o destaque). Mas tenho de admitir que não parece fácil voltar atrás.

As pessoas sentiram muito a falta da urgência?

Bom, nem por isso. As pessoas lamentam, porque, evidentemente, era um benefício que tínhamos aqui à mão, mas não vejo que, na prática, tenha feito grande mossa. Lembre-se que as estatísticas que nos apresentaram mostravam que a urgência noturna não tinha grande expressão. De tal modo que nós já sabíamos que, se tivéssemos um problema qualquer na família, o melhor era esperaramos por aquela hora mais morta, à noite, porque aí não tínhamos que ficar muito tempo à espera…

Os profissionais do hospital não escondem a revolta…

Pois, tenho de admitir que, a todos os que lá trabalham, esses, noto que sentem algum desalento, o que também é natural.

Suspeita que possa ser o princípio do fim dos Covões?

Ora bem, o grande mal é mesmo esse. E é contra isso que temos de lutar com todas as forças, pois nem me passa pela cabeça que acabe o hospital. O que eu defendo é que o hospital se mantenha, tal como está, mantendo todas as valências de hospital central, embora sem as urgências no período noturno.

Há quem defenda que o centro de saúde deveria localizar-se noutro local da freguesia e não ao lado dos Covões…

Por um lado, estar ali ao lado do hospital tem a vantagem de que, numa urgência, quem vai ao centro de Saúde e precise de ser evacuado para o hospital está ali mesmo ao lado; por outro lado, se os equipamentos ficassem separados, isso iria beneficiar e abranger melhor a população. Mas, vendo bem, eu acho que a localização atual é a melhor e mais adequada.

As pessoas que vivem em S. Martinho sentem-se citadinos?

Sim, principalmente as pessoas que vivem aqui nesta zona de São Martinho, Fala, Póvoa. Já lá em baixo, nos Casais e Casas Novas ainda subsiste alguma ruralidade, embora toda a gente sente que está em Coimbra. Já não há quem diga “vamos a Coimbra”…


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