Curso de doenças do fígado faz 25 anos (sempre) em Coimbra

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Como nasce este curso?

A ideia surgiu em 1988, no âmbito do Serviço de Medicina III, dirigido pelo professor Armando Porto. Vivia-se uma altura em que as doenças do fígado sendo já então muito importantes, eram um pouco desprezadas. Não havia muita gente que se ocupasse predominantemente dessas doenças e também não havia muitos meios de tratamento ou de diagnóstico.

 

Mas porquê o fígado?

Porque todos víamos muitos doentes hepáticos, quer na consulta, quer no internamento. Porque havia, na altura, como há hoje muitas doenças relacionadas com o consumo excessivo de álcool, havia já hepatites por vírus, embora ainda não tivesse sido isolado o vírus da hepatite C. A transplantação hepática também ainda não tinha começado, o que viria a acontecer cinco anos depois. E porque não havia muitos meios terapêuticos. Tínhamos, como temos ainda hoje, um Serviço de Gastroenterologia muito bom mas que tinha que se preocupar mais com as novas técnicas que iam surgindo. Por outro lado, a nível da formação, também não havia muita coisa.

 

O que mudou nos 25 anos?

O curso tem um pouco a ver com isso. Durante os dois dias vamos abordar vários aspetos, nomeadamente hepatites por vírus, fígado gordo, tumores hepáticos, cirurgia e transplantação hepática, doenças metabólicas e auto-imunes.

 

Foi onde se sentiu um maior desenvolvimento?

Sem dúvida. Em relação às hepatites por vírus, houve imensas novidades. Descobriu-se o vírus da Hepatite C com uma história de sucesso no que ao tratamento diz respeito e que vai ter no futuro tratamentos ainda mais fáceis e ainda melhores, infelizmete não serão baratos. Na Hepatite B, descobriram-se tratamentos dirigidos aos vírus e hoje é possível tratar-se com um comprimido por dia. Avançou-se imenso no conhecimento da interação destes vírus com o vírus da sida. No fígado gordo, que provavelmente, será a epidemia do futuro em termos de doença hepática, foi de certo modo uma descoberta dos últimos 25 anos e da sua associação a outras doenças como a diabetes ou a obesidade. Nos tumores hepáticos avançou-se imenso, fruto das doenças que foram surgindo, mas também fruto dos meios de diagnóstico, onde os avanços são notáveis. Os tratamentos conheceram avanços tremendos, não só pela transplantação, mas nos tratamentos dirigidos aos tumores e na cirurgia.

 

O que pode pôr o fígado em risco?

Há uma série de agressores que podem pôr em risco o fígado, quer tóxicos, o caso do álcool, quer medicamentos, vírus ou gordura. Há ainda outras causas mais raras que não sendo tão frequentes, acabam por ser um pouco mais esquecidas pelo médico e podem não ser diagnosticadas tão precocemente quanto isso.

 

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