Maria Manuel Leitão Marques
Há três semanas lembrei aqui que era preciso o Governo prestar contas sobre as reformas da Administração pública que prometeu e ainda não fez, ou que não prometeu mas deveria ter feito se quer efetivamente reduzir a despesa a longo prazo de forma sustentada sem ser sempre à custa dos salários e do aumento de impostos.
Referi o exemplo da integração das direções regionais de economia nas CCDR , reforçando-se uma visão integrada e o peso das Comissões como serviços desconcentrados regionais de diferentes ministérios. Tornar-se-iam assim num serviço transversal com mais poder efetivo e capacidade de intervenção nas respetivas regiões. Poderia ter referido outras reformas, do Ministério da Defesa ao da Justiça. Ou ter citado a da extensão das lojas do cidadão, lembrada recentemente por António Costa no programa Economix. Tal permitiria integrar as diversas repartições de serviços públicos atualmente existentes nos concelhos, desde as de finanças às conservatórias, com vantagem imediata para os cidadãos e para eficiência administrativa a médio longo prazo. Trata-se, aliás, de uma reforma que consta do Memorando da Troika, tanto quanto e há mais tempo do aquelas que nos atormentam. Pelos vistos, há memorando para cumprir além do acordado e memorando para esquecer apesar de acordado.
Quando o Governo se propõe aumentar de novo os impostos, é ainda mais pertinente que preste contas sobre tudo o resto. Além do mais, isso ajudaria dar alguma credibilidade ao esforço que todos fazemos para sair desta situação.
Contudo, não é isso que está a acontecer. Quanto às reformas que exigem redesenhar a Administração central e local, com conhecimento e ousadia, o Governo mostra falta de saber ou falta de coragem para as fazer.