Opinião – Portugal delapidado, o euro em agonia

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Luís Vilar

Nos últimos quinze dias as notícias, geralmente, más para os Portugueses, têm saído de forma vertiginosa e, permitam-me que o diga, com alguma falta de vergonha, por parte de alguns políticos.

Ficámos a saber que a descida da taxa das TSU (desceu 5%), que até poderia ser uma forma de incentivo ao investimento e à criação de emprego, é de uma total ineficácia. Os parceiros sociais, mais atentos, constataram-no – neste caso concreto até a CIP reconheceu que esta medida governamental é ineficaz – ao que eu acrescento: é uma descida de hipocrisia e descaramento sem vergonha.

Basta verificarmos que as empresas que pagam cerca de 50 mil euros por mês lucram, com esta medida, cerca de 4.000,00 euros/mês, o que dará 50 mil euros/ano mas, com a subida do IRC já anunciada e, com a diminuição do poder de compra dos portugueses, as suas receitas vão diminuir. Isto significa que não há qualquer vantagem, nem para as empresas, nem para o objectivo da criação de emprego. Poderá, como foi dito pelas entidades patronais, servir para não existirem mais despedimentos.

Dei este exemplo porque uma empresa que paga esta verba por mês, significa que já tem cerca de 60 empregados (média salarial de 700 euros/mês). E esta não é a realidade das pequenas e médias empresas em Portugal, as quais são responsáveis por mais de 80% do emprego.

Se não serve para aumentar o investimento e criar condições para aumentar o emprego, a quem interessará esta diminuição da taxa da TSU?

A resposta é rápida e simples: às grandes empresas. TAP, GALP, TELECOM, EDP, Bancos, Seguradoras e outros grandes grupos económicos, que empregam sempre acima de 400 trabalhadores e cujo salário médio se situa nos 1.000,00 euros/mês (contando com os chorudos vencimentos dos srs. administradores).

Estas empresas, sim, vão ter lucros superiores sempre a 1 milhão de euros por ano, mas não é em época de crise e com o mercado interno deficitário que arriscam investir para gerar mais-valias, que tiveram um aumento de 6,5%. Pura e simplesmente, ficarão com o dinheiro para os accionistas.

Das pequenas empresas que empregam entre 2 a 30 trabalhadores, irão ter prejuízos maiores pela diminuição do poder económico interno.

Ficámos a saber que todos os Portugueses vão ser, uma vez mais, espoliados dos seus já parcos rendimentos.Ficámos a saber que, afinal, apesar de terem dito que não poderiam ser aceites mais impostos, o seu aumento (IRS, IRC, Mais-valias e outros) é uma realidade chocante e ofensiva, em particular para os pequenos aforradores e trabalhadores por contra própria e todos os outros.

Também ficámos a saber que a Alemanha (que votou vencida na proposta do BCE), só se preocupa consigo própria, esquecendo-se de que, nos últimos 100 anos, precisaram do apoio e ajuda dos restantes Países Europeus e dos EUA.

Ainda ficámos a saber que até o multimilionário americano, Sr. Soros, é contra a actual orientação política de desenvolvimento da Alemanha, sugerindo-lhe que lidere, ou então que abandone o Euro.

Mais, ficámos a saber que o Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, se converteu ao conceito da uma Federação Europeia (ainda irá a tempo?)

Infelizmente, ficámos a saber que o Sr. Presidente da República perdeu qualquer capacidade de ser o mediador e protector de todos os Portugueses.

Para um País doente, foi-lhe administrado uma terapia – austeridade – que o Governo reconheceu que falhou, ao não atingirmos os 4,5% de défice público.

Agora, repete-se a medicação – austeridade – que já deu provas de ser ineficaz, ao mesmo tempo que as verdadeiras “gorduras” do Estado aumentam.

Basta!

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