Geoturismo como recurso para enriquecimento das zonas rurais

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O coordenador da Rede Europeia de Geoparques afirmou hoje, em Arouca, que esses territórios da UNESCO são, em contexto de austeridade, “um recurso de futuro” para o desenvolvimento económico e social de áreas rurais.

As declarações de Nickolas Zouros foram proferidas perante 325 responsáveis de 53 países, na abertura da 11.ª Conferência Europeia de Geoparques, que se realiza na escola secundária de Arouca.

Na conferência de Arouca estão representantes das cerca de 70 estruturas que, em todo o mundo, são classificadas pela UNESCO como territórios de particular interesse geológico, onde, com o devido envolvimento da população e das estruturas locais, há potencial para um desenvolvimento sustentável, tanto em termos ambientais, como socioeconómicos, culturais e turísticos.

“Este é já um grande evento científico internacional e, após 12 anos de cooperação, a Rede Europeia de Geoparques já se tornou uma das ferramentas mais importantes, não só para a preservação da herança geológica, mas também como suporte de desenvolvimento em áreas rurais”, disse.

Recordando o contexto de austeridade que afeta não apenas Portugal, mas a generalidade da Europa, o coordenador realçou que esses territórios classificados envolvem também uma componente de educação, economia e cultura.

“Os geoparques não são só sobre pedras, mas sobretudo sobre pessoas, pelo que é preciso tornar a identidade e os valores deste território num recurso para o futuro das pessoas que neles vivem”, explicou.

Patrick McKeever, do Observatório Terra Global, da UNESCO, partilha de opinião idêntica: “Como muitos geoparques estão em áreas rurais, podem ser um modelo de desenvolvimento económico sustentável. São territórios ativos do presente, respeitam a herança que a Terra nos deixou e, na medida em que são janelas para o passado, ajudam a adaptarmo-nos a mudanças, como as das alterações climáticas”.

Defendendo que “Portugal é um exemplo para toda a Europa sobre como proteger e estimar a herança natural”, o responsável pelo Observatório da UNESCO alerta que “a população está a crescer a um ritmo assustador” e que, estando as reservas de água em risco, “é preciso gerir estes recursos de forma a assegurar um futuro para todos” – aumentando também o conhecimento das populações sobre como terramotos, erupções vulcânicas e outras situações extremas que, mesmo verificando-se do outro lado do mundo, provocam efeitos no noutro.

Melchior Moreira, presidente da entidade Turismo do Porto e Norte de Portugal, e Katalin Gönczy, do departamento de Análise Política da Comissão Europeia, enquadraram essa perspetiva nos objetivos da estratégia Europa 2020 – o primeiro alegando que o reforço de afirmação dos geoparques é “uma forma de contribuir para alavancar o projeto europeu numa altura em que se debate o futuro do Velho Continente” e a segunda referindo que a crise generalizada não deve retirar espaço ao otimismo e que “o crescimento sustentável deve ser sempre prioritário”.

António Almeida Ribeiro, presidente da Comissão Portuguesa da UNESCO, considera, contudo, que “é preciso redesenhar o mapa da sustentabilidade”, com vista a uma resposta mais adequada aos problemas da inclusão social, do emprego e do crescimento económico – num formato que permita também “o reforço da cooperação científica” para maior promoção das regiões abrangidas pelos geoparques.

Álvaro Santos, chefe de gabinete do secretário de Estado Adjunto da Economia e do Desenvolvimento Regional, garantiu que “Portugal está comprometido com os objetivos da conferência para um desenvolvimento inteligente e sustentável” e acrescentou: “Perante as dificuldades, não desistimos”.

Citando depois um depoimento que o secretário de Estado António Almeida Henriques preparou para a ocasião, o mesmo responsável leu: “Não é cedo para refletirmos sobre os objetivos [da estratégia Europa 2020]. Portugal tem aqui enormes ativos e um grande potencial de desenvolvimento – com os geoparques de Arouca, Naturtejo e a candidatura do dos Açores – e municípios, universidades e agentes turísticos devem intensificar neste momento, mais do que nunca, os seus laços de cooperação”.

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