Opinião – Política com preservativo

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Paulo Valério

Eu gostava de ser presidente da câmara municipal de Coimbra. E também gostava de ser guarda-redes da Académica. Porém, ao contrário do meu camarada António Costa, entendo que não tenho qualidades, nem para uma coisa, nem para outra. Para ser guarda-redes faltam-me, pelo menos, uns vinte centímetros. Para ser presidente da câmara de Coimbra falta-me ainda muito mais. Não há mal nenhum nisso que, nos tempos que correm, o que não falta é gente cheia de qualidades, disponível para sacrificar a vida interessantíssima que leva, em nome do bem comum.

Nem a propósito, tanto quanto julgo saber o meu partido prepara-se para sondar a opinião pública sobre o candidato da sua preferência. E, aparentemente, tudo se passará como numa corrida de lebres: quem chegar primeiro ficará com a taça.

Tenho as maiores reservas quanto ao papel das sondagens na vida política. Se nos lembrarmos da vitória de Soares em 85, depois de as sondagens lhe darem menos de 10%, percebemos como poderíamos ter perdido um dos mais notáveis políticos do século XX português. Se nos lembrarmos do resultado obtido em Coimbra pelo PS, nas autárquicas de 2005, percebemos, também, como as sondagens podem ser opacas, perversas e até um pouco ridículas.

Para mim, os Políticos (com maiúsculas), não se escolhem por sondagens. O impulso individual, a promessa de transformação social e o desafio colectivo são o que faz a diferença. Sobretudo em Coimbra que precisa de coragem, irreverência e sobressalto, como de pão para a boca. Fora disto, continuaremos no plano dos rituais vazios, de uma política penteadinha e sempre enfadonha, que teima em não pôr de lado o preservativo. Na verdade, uma política que não dá prazer e, também por isso, não dará frutos.

 

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