A procura de ajuda no Centro Social da Cova e Gala tem acompanhado a cadência da crise?
É uma verdade indesmentível e reconhecida que nestas Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) a procura, por parte das pessoas mais carenciadas, é grande. O problema que se coloca, agora, é que também há uma tendência para que pessoas particulares sem habilitações técnicas assumam a função de dar apoio a carenciados, a troco de um determinado valor, substituindo, desta forma, as IPSS.
Que tipo de ajuda procuram?
Sobretudo, alimentação e higiene habitacional e pessoal. Não temos a perceção de que na nossa instituição haja novos pobres à procura de apoio social. Não é fácil os novos pobres darem a cara, porque o meio é pequeno. Quando pedem ajuda, fazem-no através de terceiros.
Devido à crise, a creche do centro social tem registado desistências?
Por esses motivos, terão saído umas 10 crianças – a capacidade da creche é de 150. Não obstante o agravamento da crise, felizmente, a taxa de desistências não é proporcional à dimensão da conjuntura.
A instituição foi criada na década de 60 do séc. XX naquela que era a freguesia mais pobre do concelho da Figueira da Foz. Volvidos estes anos, continua a existir pobreza endémica em S. Pedro?
Sim. Há questões que não são resolvidas através do desenvolvimento económico. É uma pobreza de valores, que não pode ser imputada apenas às pessoas. São famílias que se habituaram a viver de uma certa forma. É um estado cultural, também. Sobretudo, existe alguma pobreza comportamental.
A instituição continua ligada à Igreja Evangélica Presbiteriana. No entanto, a maioria dos utentes professa a religião católica…
A ligação que o centro social tem à Igreja Presbiteriana da Figueira da Foz resulta do seu fundador, o pastor João Neto, que criou e desenvolveu aquele trabalho social. Mas é uma instituição livre, sem questões partidárias e religiosas. A única coisa que se discute ali é procurar, dia a dia, o melhor para a instituição, que significa o melhor para as pessoas que dela necessitam.
Esta entrevista pode ser ouvida na íntegra em www.asbeiras.pt, a partir das 19H30 de sexta-feira, e no programa “Clube Privado” da Foz do Mondego Rádio (99.1FM), às 19H00 de sexta e de sábado e às 22H00 de domingo.