Opinião: A outra carta a Ricardo

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Gonçalo Capitão

Meu caro amigo:

Cá estou eu de novo, como não podia deixar de ser, a dar seguimento à carta que escrevi antes da gloriosa final de dia 20.

Se na altura me custou encontrar as palavras adequadas, agora modero o verbo para não rebentar de felicidade antes de terminar estas linhas…

Não sei quantos mais anos passarão até ganharmos outra Taça, mas uma certeza já ninguém me tira: se os tiver, posso dizer aos netos que o avô viu a Briosa no Jamor e, ainda por cima, trazendo a “fruteira” de volta a casa!

Confesso que ia com o coração apertado. A mais de o Sporting ter mais argumentos, lendo os jornais desportivos da semana antecedente até parecia que nem valia a pena jogarmos: a vitória estava reservada para as fitas verdes! Até puseram o Cristiano Ronaldo numa capa da véspera, dizendo que apoiava o Sporting. Esperavam o quê?! Que ele apoiasse o árbitro (bem merecia, pois só faltou chutar ele um dos “milhares” de livres que marcou à volta da nossa grande área)?! Que torcesse pelo Dínamo de Tbilisi?! O que me espantaria é que, formado em Alvalade, ele puxasse por nós, pois estaria bêbado, não teria carácter ou indiciaria que a Irina era academista!… Fica por perceber é o que quis o jornal… Espera! Não respondas, que eu digo-te: vender papel a uma multidão de sportinguistas sedentos de um título. Olha, morreram de sede!…

Mais importante que isto é realçar a exibição de gala que a nossa Académica fez. Que entrega, que empenho, que comunhão com os adeptos (que, reconhecerás, não pararam um minuto e foram magníficos, calando a maioria esverdeada), e que solidariedade (jamais esquecerei que, sempre que um adversário passava por um dos nossos, surgiam mais dois ou três “pretos” para lhe “explicar” que o adereço ia para Coimbra, desse por onde desse)! Quanto a ti, enorme Ricardo, fosse eu um tipo presunçoso e diria que leste a “Carta a Ricardo” com dons exegéticos autênticos (ou seja, iguais aos do autor), dado que, como te pedira, foste maior, mais rápidos e mais longe e tornaste os leões em gatos de regaço! Foste mesmo “Ricardo Coração de Leão”! Ora, sabendo que o artigo nada mexeu com o talento que já tinhas, fico com a satisfação de ver um amigo consagrado como um dos melhores guarda-redes portugueses, assim mantenhas a mesma confiança em ti próprio!

Éramos mais de vinte colegas de faculdade e amigos e a equipa deu-nos um dia para durar para o resto da vida. À distância segui-vos durante os festejos em Coimbra e creio que, no dia seguinte, ainda vinha “anestesiado”.

Tiro o chapéu ao Pedro Emanuel que trabalhou convosco para que todos fossemos felizes (ao invés do outro treinador que deve ter achado que bastavam as camisolas) e ao presidente que manteve a fé no primeiro (foi feliz na teimosia, mas lá está: a sorte protege os audazes!).

Agora, é desfrutarem com alegria e humildade a odisseia europeia e ocuparem o tal lugar na história de que te falava.

Aqui vai mais um abraço “africano” com eterna gratidão!

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