O regresso à política

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Ricardo Castanheira

A França escolheu um novo presidente. De esquerda. Assumidamente de esquerda. Sem equívocos. Isto significa que os franceses optaram por uma mudança significativa, não apenas no estilo, mas no conteúdo das políticas públicas.

A França foi – há demasiado tempo – um laboratório político essencial para a construção de medidas de proteção social, defesa dos trabalhadores e garantia de direitos. Um exemplo para muitos outros países. Depois, veio o declínio. Da economia francesa e da política francesa. Há muito que a França não influencia em nada.

Ora, neste momento de profunda crise europeia, a França pode ter uma palavra muito relevante. Sobretudo para não deixar aprofundar o fosso entre os do Sul e os outros. E, ainda, conter o desmando liberal-radical da egoísta senhora Merkel.

Curioso – ou talvez não – na mesma semana, o Presidente dos Estados Unidos assume uma medida histórica do ponto de vista dos direitos civis: o reconhecimento do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Quem conhece o conservadorismo (tantas vezes cínico e farisaico) dos americanos sabe o impacto político deste anúncio.

Obama demonstra uma vez mais coragem e sentido estratégico. A seis meses das eleições quer deixar bem clara a diferença ideológica entre os democratas e os conservadores. O “casamento gay” é não apenas importante como medida para o reconhecimento da igualdade nos direitos, mas tem um significado político incontornável: tal como em França, hoje, nos EUA discutem-se posições perante a economia e a sociedade com forte pendor ideológico. Obama percebeu que vale a pena arriscar e ir mais fundo.

Este regressso à política ou ao sentido mais ideológico das funções governativas é bom para o Mundo. Enquanto isso, em Portugal, nada de novo…

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