Luís Santarino
NÃO SOMOS MELHORES NEM PIORES…SOMOS DIFERENTES!
Coimbra viveu um dia de enorme alegria. A vitória, uma vitória, devolveu de novo a Académica à cidade, diz-se! Terá devolvido?
A Académica venceu, até ontem, além de 1939, o campeonato nacional da 2ª divisão em 1973.
Nunca até hoje tinha vencido mais alguma “coisa”!
Afirmou-se ao longo de todas as décadas, muitas décadas, mesmo nunca tendo experimentado o sabor da vitória, como uma associação, que não clube, de referência para muitas gerações.
A simpatia que lhe devota a generalidade dos portugueses, advém da sua singularidade. Estudantes/atletas, que associavam o desporto aos estudos formando muitas dezenas de jovens, hoje grandes referências do País.
A entrevista de Mário Campos em tempo real, realçando os aspectos éticos e estéticos da Instituição em que nos revemos, trouxe-me a lágrima ao canto do olho.
É que, ao som do apito final, recordei muita “gente boa” que nos mais diversos domínios serviu a Académica. Gostaria de ter ouvido uma ou outra referência, talvez muitas, a cidadãos impolutos que deram muito da sua vida à Instituição.
Valerá a pena, já que ninguém o fez, a não ser o Augusto Roxo em relação ao Dr. José Barros, eu adicionar valor a esta vitória, recordando alguns nomes, importantes e determinantes no presente de todos nós. Mas também no futuro, porque o futuro só tem razão de ser quando não esquecemos os nossos melhores.
A Académica deverá ter memória. Se alguém quiser lutar contra as determinantes da história, sairá sempre derrotado. Muito justamente, José Eduardo Simões deverá ficar na história da Instituição.
Poderei ser injusto, poderão levar a mal eu não nomear todos os que contribuíram para o dia de hoje e amanhã, mas tenho a certeza que me perdoarão.
João Moreno esteve em várias etapas da vida atribulada, e sempre “se saiu” com grande galhardia. Um cavalheiro. Um homem de grande visão e de inteligência ímpar. Júlio Couceiro foi audaz o suficiente para comandar o Clube Académico de Coimbra, quando a secção de futebol foi expulsa por “uns quantos” da Associação Académica.
Jorge Anjinho lutou afincadamente, com mais uma mão cheia de homens bons, pela dignidade do futebol português no caso N’dinga. Foi, juntamente com Ricardo Roque, o obreiro do retorno da secção de futebol à Casa Mãe. Luis Mendes Silva foi um homem brilhante da nossa cidade. Diria mesmo um dos mais brilhantes cidadãos de Coimbra do século XX.
A ele, muito deve o futebol e o desporto de Coimbra. José Paulo Cardoso foi, gostando eu de todos eles, o que mais me cativou. De piada fina, companheiro e confidente, com ele passei manhãs memoráveis. Que grande Homem! Fausto Correia não foi o Presidente; foi o Amigo. Amigo que não apoiei, a quem recusei integrar a sua direcção e, mesmo assim, nunca deixámos de estar unidos na defesa de valores e princípios.
Há dois adeptos, João Mesquita e Vital que, que não me saem da memória. Nos tempos difíceis da 2ª divisão não regatearam esforços, com o sentimento do dever cumprido.
Cumpre-me dizer, por fim, que a Académica conheceu dois homens soberbos por quem nutri sempre um enorme respeito e que hoje não posso esquecer; Vasco Gervásio e Dr. Francisco Soares.
A saudade mata aos poucos. Se a família, os nossos mais próximos permanecem no coração… a todos vos aconchego.
Façam a festa, porque o futuro também é vosso. Na vitória ou na derrota, que também é vitória, sereis sempre os HOMENS da Académica.
Ninguém vos esquecerá!