A Académica não é um clube, é uma causa

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Álvaro dos Santos Amaro

O que teria sido a Coimbra de outros tempos quando a Académica alcançava os mais altos patamares do futebol nacional?!

O que aconteceu à cidade quando em 9 de Julho de 1967 a Académica foi ao Jamor disputar a final da Taça de Portugal com o Vitória de Setúbal?!

E recordar a final de 1969 entre a Académica e o Benfica, sem dúvida a mais politizada de todas as finais?!

Não é difícil a resposta a todas as questões desta natureza, atendendo ao que a nossa Académica representava, bem como aos tempos que se viviam no País.

Agora, os tempos são outros, a Académica teve muitas modificações e a final, agora com o Sporting, assume também alguma diferença.

Mas ainda assim há coisas em comum. Desde logo, a emoção. Essa não mudou. O Jamor estará naturalmente a “abarrotar” de gente e a mistura das cores verde e negra darão um colorido especial à tarde do próximo domingo.

A Académica mudou, o próprio negócio do futebol mudou. Mas a nossa mística academista, essa mantém-se com o mesmo vigor, ainda que agora não esteja em causa qualquer manifestação contra o regime. Quem não se lembra da “agitação” de 1969?

Já muito se escreveu sobre a história da Académica e da Academia.

Nesta semana que antecede este momento histórico (mais um!) da tarde do próximo 20 de Maio, fiz questão de reler factos vários que testemunham grandes momentos e fazem justiça a grandes figuras. Mas há um livro “A Académica – História do Futebol”, da autoria de João Santana e do meu amigo (que saudades!) João Mesquita.

É, de facto, um trabalho fantástico de investigação histórica.

Ao ver algumas das fotografias aí publicadas, ainda hoje me arrepio com uma delas, onde, entre outros, eu próprio e o meu amigo Campos Coroa, de joelhos, em pleno municipal de Chaves, celebrávamos a manutenção. Foi em 17 de Maio de 1998, última jornada desse campeonato.

Tenho por isso, aqui me confesso, um particular orgulho pelos momentos que tenho vivido com a nossa Académica e, já agora, pelos debates que estimulei quando estavam em causa novos modelos de gestão (sempre me bati contra a SAD Briosa ou “coisa do género”).

Mas a Académica é isto mesmo. Um verdadeiro amor à causa, que vai para além dos protagonistas em cada momento.

Por isso me revejo em absoluto nos painéis colocados na entrada principal do nosso estádio. 20 Maio 2012. Um sonho de gerações. Podemos e devemos discutir em cada momento o melhor para a Briosa. Podemos discordar uns dos outros, mas não podemos, nem devemos, deixar de aplaudir e até agradecer a todos quantos se empenharam nesta caminhada.

Como disse o meu amigo Ricardo Morgado, presidente da Associação Académica, e cito, “que todos mostrem à Nação o que é Coimbra e o que significa passar por Coimbra”.

E não resisto a citar também uma passagem do magnífico livro que referi, onde se transcreve a mensagem do Francisco Andrade aos jogadores nessa tarde de 22 de Junho de 1969, na tal final com o Benfica: “Vocês (os jogadores) têm o privilégio de poderem dar voz a um País que não pode falar, através do dom de jogar à bola que Deus vos deu”.

Os tempos são novos, felizmente. Agora Pedro Emanuel sabe que o país tem voz, pode falar, por isso, meu caro Mister, diga mesmo aos nossos atletas que dêem expressão à arte futebolística e… que tragam a Taça.

Mas esta festa já ninguém nos tira. Obrigado por isso.

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