Universidade de Coimbra produz molécula para deteção precoce da doença de Alzheimer

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A Universidade de Coimbra começou a produzir e ensaiar em doentes uma molécula para a deteção precoce da doença neurodegenerativa de Alzheimer, só disponível em meia dúzia de centros de investigação do mundo.

“Trata-se de uma molécula que permite um resultado clínico que mais nenhum outro produto no mercado dá”, declarou à agência Lusa Francisco Alves, um dos investigadores do projeto, no Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde (ICNAS).

A “PiB” (composto B de Pittsburgh) permite o diagnóstico da doença de Alzheimer antes de os sintomas clínicos se revelarem e é capaz de a distinguir de outras formas de demência, possibilitando adotar a terapêutica mais adequada, acrescenta.

Baseada em Carbono-11, é um isótopo produzido pela primeira vez em Portugal, tem um tempo de vida útil de apenas 20 minutos.

A sua utilização torna-se viável no ICNAS da Universidade de Coimbra por possuir um ciclotrão, o laboratório para a sintetizar e a componente clínica para realizar rapidamente o exame no doente.

Com esta molécula desde há dois meses, está em curso um grande projeto de ensaios clínicos, liderado pelo diretor do ICNAS, Miguel Castelo Branco, que envolve os Serviços de Medicina Nuclear e Neurologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e tem uma colaboração com o Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, revela uma nota de imprensa da reitoria da UC.

“É uma ótima ferramenta para validar tratamentos das doenças neurodegenerativas e abre uma janela para uma nova era da medicina preventiva. A partir de aqui é possível testar os novos medicamentos numa fase precoce da doença, mesmo antes dos sintomas se manifestarem”, sublinhou o neurocientista Miguel Castelo Branco.

Esta molécula apenas é produzida em meia dúzia de centros de investigação do mundo, nomeadamente da Europa, EUA e Japão e a sua disponibilização aos doentes portugueses é “um marco decisivo”, sublinha, por seu turno, outro dos investigadores, Antero Abrunhosa, responsável pela síntese química da “PiB”.

Francisco Alves, responsável pelo ciclotrão no ICNAS, adiantou à agência Lusa que em termos financeiros é viável a utilização desta molécula no Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas os custos poderão ficar ainda mais acessíveis pelo efeito de escala na produção.

“Estamos já a provar que é um exame com imensa utilidade para este tipo de doentes. Um impacto que até é financeiro”, sublinhou, realçando ainda as vantagens de uma terapêutica precoce e adequada e do desenvolvimento de fármacos que possam tratar esta doença, que degrada de forma acelerada funções cognitivas e motoras.

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