25 de Abril de 2012

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José Carlos Alexandrino

Hoje é uma data especial nas nossas vidas, sobretudo para aqueles que viveram o 25 de Abril de 1974 com a esperança de uma outra vida, nova e melhor.

Ao longo destes 38 anos, as expetativas nascidas com abril foram passando por diferentes fases, umas melhores que outras. Todos têm a noção de que nem tudo foi perfeito, seria um absurdo dizer que tudo foi mau.

Bastaria olhar para o concelho de Oliveira do Hospital para verificar que existem grandes diferenças no desenvolvimento do território, visível nas infraestruturas existentes nas aldeias, nas vias de comunicação ou nos serviços.

Muitos ainda se lembram do aspeto terceiro-mundista com que se apresentava a maioria das povoações – a maioria das ruas não estava ainda pavimentada, e em muitas delas os esgotos corriam a céu aberto; as habitações tinham péssimas condições de salubridade, sem água potável, sem sanitários, sem energia elétrica. Houve um ganho generalizado com o advento do 25 de abril que foi depois alavancado com a entrada na União Europeia e que é indesmentível.

Hoje, as preocupações são outras. E os portugueses passam hoje por um conjunto de dificuldades que ainda há alguns anos pareciam inimagináveis. Os munícipes de Oliveira do Hospital não lhe são imunes, porque este território não é uma ilha no contexto do nosso país.

Um dos grandes dramas de Oliveira do Hospital, hoje em dia, como todos sabem, é o desemprego. No início de 2012, pela primeira vez, o desemprego no concelho ultrapassou as mil pessoas.

Este é um drama que atinge, sobretudo, os mais jovens, que lutam por uma oportunidade de inserção na vida ativa, e que poucos conseguem alcançar. É este combate que temos todos os dias, percebendo que a retoma económica e a dinâmica de criação de emprego dependem de fatores que não dominamos e não se encontram nas nossas mãos. Por isso vos digo que é fundamental que a economia cresça que haja incentivos para a criação de emprego. Porque os nossos desempregados precisam apenas de uma oportunidade para mostrar a sua qualidade, o seu empenho, a mais valia que trazem para a construção de um Portugal melhor, mais competitivo, mais moderno e mais agradável para viver.

Ainda no âmbito da crise económica em que vivemos, por vezes noto que, quando este Município apoia famílias carenciadas, mesmo que com alguns custos financeiros, ou quando aplica algum do seu orçamento na melhoria das habitações, há quem olhe para estas opções políticas de forma crítica. Mas esses, que criticam este tipo de apoios, são sobretudo pessoas que nunca tiveram que passar por dificuldades. Por isso pergunto – se a utilidade da política não for a de servir as pessoas, para que serve a política? Alguém se sujeitará a receber apoio alimentar, a sujeitar-se a recorrer a um Banco de Recursos, se não tiver necessidade? Não acredito! Acredito sim que é em alturas como esta que devemos reforçar e aplicar políticas de solidariedade.

Neste contexto, quero deixar também uma palavra para os nossos empresários, que têm lutado e conseguido enfrentar as dificuldades destes tempos duros e difíceis para que as suas empresas sobrevivam nesta tempestade económica e social e para conseguir dar resposta às necessidades dos seus colaboradores e das suas famílias. São um conjunto de resistentes, que mesmo operando num território por vezes hostil, onde as vias de comunicação ainda não correspondem às necessidades da sua atividade e onde os IC ainda não chegam, continuam a fazer tudo para manter as suas empresas vivas.

Mas uma das grandes conquistas de abril foi o reforço do poder local, da sua autonomia, da sua proximidade e da sua capacidade de intervenção e de proximidade junto das populações.

Está hoje em marcha uma reforma administrativa do território que extingue uma série de freguesias e da qual discordamos visceralmente, por nos parecer injusta, mal feita e inútil. Não somos obrigados a dizer sim àquilo em que não acreditamos, e não acreditamos nesta lei. Por isso iremos lutar contra ela até às últimas consequências.

Por isso o poder local vive hoje, 38 anos depois, um momento crítico em termos da autonomia que lhe foi concedida, e que como todos sabem está consagrada na Constituição. Quando os direitos constitucionais, uns atrás dos outros, começam a ser postos em causa, é tempo de perguntarmos se os valores do 25 de Abril continuam a ter sentido. E eu afirmo que têm sentido, e que o 25 de Abril continua a valer sobretudo por aquilo que representa – são valores e ideias que se mantêm atuais, e que nos obrigam a estar atentos na sua defesa. É esse que deve ser o nosso compromisso. É esse o meu compromisso com o povo de Oliveira do Hospital.

Por isso reafirmo que o 25 de Abril nos trouxe a esperança de todos poderem viver melhor. Um homem sem esperança é um homem morto, e não devemos perder a esperança de conseguir dar a volta por cima e de poder continuar a contribuir para que a maioria não viva tão mal. É esse o princípio básico da solidariedade entre as pessoas. Por isso clamo – 25 de Abril, SEMPRE!

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