Não há Igreja de Cristo sem atenção aos “mal amados”. Estes divergem de época para época; e assim, os pobres das barracas no tempo do Padre Américo deram lugar às necessidades familiares e aos idosos sozinhos das décadas de 80 e 90. Responderam-lhe as paróquias com seus centros sociais, 82 na Diocese de Coimbra, onde as creches, os jardins de infância e as actividades de tempos livres acolhem muitas centenas de crianças e jovens. Acudiram também as 34 misericórdias, com lares para a terceira idade e apoio domiciliário. A Igreja de Coimbra teve e continua a manter na sua Cáritas Diocesana o grande incentivo, motor e realizador destas iniciativas, a que juntou unidades residenciais para recuperação de toxicodependentes. O Padre António de Sousa foi o grande impulsionador desta obra, mantida seguidamente pelos padres Aníbal Castelhano e Luís Costa. Mudaram os tempos e eis-nos agora pressionados por tantos casos de desemprego, que originaram fome, multiplicam os “sem abrigo” e somam imigrantes desamparados. A resposta torna-se mais anónima e pertence dá-la às Conferências de S. Vicente de Paulo, aos grupos sócio-caritativos das Paróquias, aos voluntários dos Hospitais, aos visitadores da Penitenciária, organizados estes na instituição “Mateus 25”. Deste modo, se continuarmos gratos a um Dr. Elísio de Moura, que fundou a Casa da Infância, a um Frei Gil, que nos legou a obra do seu nome ou à Irmã Teresa Margarida, que mantém a Casa de S. Francisco, a verdade é que se requerem actualmente olhos que vejam as situações de pobreza envergonhada e, com presença discreta de proximidade de rua, lhes prestem apoio. A Solidariedade social, que sempre há-de contar com organizações visíveis e oficiais, ganha cada vez mais as marcas do Evangelho, que aconselha a acudir aos irmãos sem que a esquerda saiba o que faz a direita. Por isso, quem foi bispo de Coimbra nos últimos anos pode esquecer, ao lado da dedicação de políticos, médicos e catedráticos que serviram o Colégio dos órfãos ou a Casa dos Pobres, a acção humilde mas eficaz das Criaditas dos Pobres na Cozinha Económica ou nas Ruas da Baixinha. Que a Igreja de Coimbra, fiel ao exemplo da Rainha Santa, continue as suas tradições de amor aos que mais precisam.
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