A Junta de Freguesia de Pindelo dos Milagres, em São Pedro do Sul, está a organizar um referendo para que a população diga se aceita, ou não, a construção de uma fábrica de rações para animais.
A opção pelo referendo surgiu depois de a Assembleia de Freguesia não ter conseguido uma maioria sobre a decisão de cedência dos terrenos para a construção da unidade fabril, um investimento espanhol que pode criar até 250 postos de trabalho. O presidente da Junta, Fernando Pinto, disse à Lusa que, depois do impasse na assembleia, avançou com a proposta de consultar a população, dando início ao processo do referendo com um pedido ao Tribunal Constitucional.
Segundo Fernando Pinto, com cerca de 700 habitantes, Pindelo dos Milagres “poderá ter aqui um forte impacto no combate ao desemprego”, embora o autarca entenda que as questões ambientais possam levantar dúvidas na população, mas defende que “as autoridades ambientais e sanitárias não permitiriam o investimento se fosse prejudicial às pessoas”.
Com localização prevista para um terreno a cerca de 500 metros da autoestrada A24, a fábrica depende do veredito da população, que será chamada a pronunciar-se logo que o Tribunal Constitucional permita o referendo. O autarca entende que “durante o referendo melhor serão esclarecidas as dúvidas e explicado o que está em causa”.
Já o presidente da Câmara de São Pedro do Sul, António Carlos Figueiredo, assegura ter “feito tudo” para atrair o investimento, que, numa primeira fase, implica a criação de 100 postos de trabalho, número que pode subir até aos 250 posteriormente.
António Carlos Figueiredo aponta a possibilidade de recusa como “um revés para o município”, visto que o investimento “contraria o facto de outras empresas estarem a fechar ou a sair”, como acontece por todo o interior do país.
O autarca assume-se como “defensor do investimento” e entende que “não há nada que permita desconfiar das avaliações das entidades oficiais sobre o impacto da fábrica na saúde e no ambiente”.
Segundo o presidente da câmara, “não se pode desperdiçar esta oportunidade”. O autarca admite “muita preocupação” com um eventual cenário de recusa, visto que se trata de “uma oportunidade única”.
De acordo com António Carlos Figueiredo, a Câmara tratou de toda a burocracia, nomeadamente no que respeita ao processo da alteração do uso do solo na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC). As eventuais emissões de poluentes e os resíduos gerados com a produção de rações a partir de animais são as principais questões levantadas sobre o projeto fabril.
16 Comments