Pessimismo e a (des)esperança em 2012

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Mário Nunes

O ano de 2012, atendendo ao teor das intervenções dos responsáveis pela “res publica”, nacionais e estrangeiros, dos comentadores e analistas políticos, dos especialistas em matéria económica, financeira e de outras áreas da economia, da cultura, da religião e do social, será um ano altamente sombrio e deveras preocupante para a população mundial, embora com expressão mais dolorosa nos países de débil estrutura de produção e desenvolvimento e ou detentores de avultadas dívidas soberanas.

Os sinais desta “angústia”, depressão e recessão surgiram em incontida aceleração, no passado ano, período esclarecedor e mais próximo de anunciar a indesejável situação que ocorrerá neste ano de 2012, com dilatação para os anos seguintes.

Neste entendimento e com o inquestionável e esperado agravamento, em todos os domínios, das condições já precárias das pessoas, das empresas, dos Estados e das economias, será fácil deduzir o que acontecerá em Portugal, com incidência nas associações de cariz solidário, humanista e social, que serão ainda mais atingidas face aos efeitos desta hecatombe sem quase controlo e de consequências arrasadoras. O sofrimento, a miséria, a dor psicológica, a doença e o desânimo, entre outros aspectos de aflição e profunda tristeza e frustração, acompanhados da revolta, da impotência e desilusão, serão companheiros desagradáveis dos cidadãos e aumentarão as desigualdades sociais, o número de pobres e desempregados, e de todos aqueles que recorrem, com frequência ou diariamente ao apoio das instituições sociais, da saúde, das empresas e do governo.

É que não havendo o indispensável patamar de manutenção, segurança e confiança, o pilar que sustenta o edifício e a máquina que faz movimentar todo o processo produtivo, social e exportador, origina que o sistema organizacional e colaborante se desmorone, restando a desventura, o emperramento e a desarticulação da engrenagem. Deseja-se e impõe-se que este descontrolo funcional e orgânico se volatize, regressando a esperança para contrariar o caminho desnivelado e em acelerada derrapagem para o abismo, invertendo a marcha aparentemente inexorável dos acontecimentos.

Assim, ao pessimismo instalado e a ganhar musgo, que tortura, provoca rombos em todos os circuitos da personalidade e vivência humana, pretende-se a motivação e a criatividade, agarrar a força anímica e o ânimo impulsionador que altere a queda, valendo-se da essência do amor pessoal e familiar, da grandeza dos corajosos, da alma dos resistentes e da determinação dos injustiçados perante a insensibilidade e desgoverno dos pregadores da equidade humana, os falsos profetas.

Por isso, no início de um mais um ano envolto em nuvens negras e anunciadoras de maiores sacrifícios, exige-se aos responsáveis, clarividência nos seus actos e decisões, e aos cidadãos de todos os quadrantes da vida nacional que mobilizem a esperança, que acreditem, mesmo por simpatia, nas palavras conciliadoras que os hipócritas e os vendilhões do templo divulgam sem acreditarem no que dizem. Porém, que elas sejam o “leit motif” para reforçar a vitalidade dos homens e mulheres. Mesmo, sonhar num amanhã menos negro, com luz e claridade. Porque é indispensável, como escreveu Kirerkegaard “dar um salto e passar de uma fria razão calculista para uma esperança que não é uma ilusão, mas abertura à certeza de que podem acontecer coisas não materialmente previsíveis”. Que a esperança regresse em 2012.

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