Joaquim Valente
É unânime considerarmos que a educação, a ciência e o saber são indispensáveis para o desenvolvimento das pessoas, do país e da própria civilização.
A educação é e será sempre um factor determinante do progresso das sociedades e da economia, num mundo cada vez mais global e exigente em termos de competência e do conhecimento.
Sem inovação científica, tecnológica e empresarial o país não poderá atingir posições económicas competitivas e com capacidade para fazer face aos inúmeros desafios nacionais e internacionais em termos de produtividade económica.
Jean Monet, o grande obreiro da Europa, afirmou: “Se tivesse de recomeçar, construiria a Europa pela educação e pela cultura”.
Na Lei de Bases do Sistema Educativo Português o modelo de Ensino Superior é bicéfalo, ou seja faz a distinção entre ensino universitário e politécnico, onde “grosso modo” os propósitos do primeiro se ligam mais à investigação dos vários ramos do saber e o segundo aos objectivos profissionalizantes e inserção na vida activa com participação no desenvolvimento das regiões, ligando-se ao mundo empresarial e do trabalho.
O mundo empresarial em Portugal não valoriza o que pode representar para o sector o investimento que foi feito em Portugal em ciência e tecnologia base importante para a inovação e o empreendedorismo.
A economia portuguesa pode “tirar partido” da ligação à ciência como por exemplo incorporando a alta tecnologia na produção e nas exportações portuguesas.
Mas só pode haver investigação científica se a actividade for apoiada e financiada, e no quadro comunitário houve e continua a haver importantes financiamentos para isso.
Hoje se temos uma “elite inteligente” de jovens cientistas e investigadores em vários domínios a exercerem a sua actividade em Portugal ou espalhados pela diáspora portuguesa é porque além de tudo, houve governos no passado que apostaram na educação pública como desígnio nacional, democrático e de superior interesse.
A testar o que afirmamos estão os prémios que recentemente foram ganhos por uma plêiade de jovens cientistas onde se incluem alguns naturais da Guarda, o que saudamos.
Não sabemos qual será o futuro da educação pública em Portugal, nomeadamente no segmento do ensino superior. Tememos que uma visão política demasiado tecnocrata e de “economês” matem o que de mais promissor o país tem: os seus jovens investigadores e cientistas!
Muitas instituições do ensino superior publicamente declararam que o prosseguir da investigação científica vai estar comprometida, por falta de apoio governamental.
Os que têm responsabilidades políticas devem constituir-se como forças actuantes e solidárias numa causa pública em defesa de tudo aquilo que permita que os jovens portugueses, tenham no país que os viu nascer direito a uma educação pública de qualidade e nível superior. Eles merecem.