Zuz! Zus! Zus!

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Lucílio Carvalheiro

Se é económica a crise, também sociológica, moral e cultural, então terá que ser política também.

Ora, se há crise, se em várias áreas a crise faz perigar as liberdades, se estão em causa os padrões de valores, se se rejeitam os pontos de referência, havemos então de entender que estará em causa o tipo de prática política que usamos.

Neste sentido, observamos de há muito que o regime democrático mantêm abertas muitas opções de formação de Governo – maiorias absolutas, maiorias relativas, coligações, governos de iniciativa presidencial, governos de salvação nacional – todas as opções possíveis, sem os partidos políticos optarem numa opção única: benefício recíproco e respeito mútuo entre a sociedade civil (eleitores) e eles na sua função de serviço público, como seria próprio e indispensável se se quiser que, entre Governo e governados, seja confiante o relacionamento e proveitosa a colaboração.

Acontece, porém, que para se conseguir tal fim, teríamos – todos – que ultrapassar as contingências político-partidárias, e os episódios que possam ser mais ou menos desagradáveis, numa palavra: interiorizar, de facto, que o regime democrático é determinado à luz de um ideal: Liberdade, Igualdade. Debalde; a “natureza humana” não o consente.

Perante estas realidades concretas, só poderíamos sair das crises, a anterior, a actual e as vindouras, e de todos os equívocos políticos se, ao menos, tivéssemos a coragem de nos envolvermos no controlo dos poderes políticos, isto é, sermos cidadãos livres; sem constrangimento perante directórios partidários que usam e abusam da “lavagem ao cérebro” dos seus militantes e não-só. Debalde; afigura-se exacta esta síntese: empenhamo-nos em tudo o que é secundário; preocupamo-nos com o que é imediato ou pessoal, ou de grupo, ou de partido; e transformamos o uso da acção política – como projecto de causa colectiva – como algo despiciendo.

Precisamente: que pensar quanto ao sentido de voto do Partido Socialista no que se refere ao Orçamento de Estado para 2012? Perante o colapso político e a ocupação do país pela Troika, desapareceu o bipolarismo PSD vs PS para dar lugar ao monopolarismo político nacional, como produto de um sistema de segredos e interesses partilhados.

E toda esta e outras situações são agravadas pela diluição de uma noção individual de responsabilidade política que proporciona uma ausência de controlo político e de controlo público; e corroído este sentimento, cada um tem-se por um Governo próprio e autónomo – cada um por si! Vai-se votar em tal dia porque é “fixe”, porque sou do partido a ou b, porque «Maria vai com as outras» depois, mais tarde, e à mesa do café!!!???

E sem ânimo, sem coragem, de fraqueza em fraqueza, dissolve-se a própria vontade de um país resvalando, insensivelmente, para o desespero.

Por tudo isto: Zus!Zus!Zus! Meu caro leitor.

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