Luís Vilar
Sobre o Metro Mondego, está instalado o desnorte, nos partidos políticos em Coimbra.
O PSD afirma que é necessária uma avaliação económica sobre a situação, esquecendo-se que, num passado recente, apresentou uma candidatura à câmara municipal que dependia do avanço das obras do Metro. Mais, que andou a negociar casas na Baixa para o projecto urbano do Metro.
O CDS-PP, quase na mesma linha do PS, acusa uma dezena de administradores que por lá passaram, esquecendo-se que um deles (presidente) foi do CDS e só pretendia gastar mais 20 milhões de euros num túnel na Av. Armando Gonçalves que dá acesso ao HUC.
O PS acusa os antigos administradores (durante estes 18 anos), esquecendo-se das administrações nomeadas pelos Governos do PS.
O PCP, esqueceu-se que o seu ex-representante na Câmara Municipal de Coimbra, Gouveia Monteiro, sempre defendeu o traçado urbano, indignando-se até contra tudo e contra todos.
O BE foi o mais contido nas críticas, mas o mais distante da realidade.
Honra seja feita ao último presidente do Metro, prof. Álvaro Seco, que só aceitou o lugar depois de lhe garantirem que ia haver obra, motivo que depois o levou a demitir-se.
Como em tudo na vida, é preciso ter memória e saber respeitar a história, sob pena de não se ter futuro e, por isso mesmo, comecei a tentar recordar-me de quem foi a ideia do Metro e qual foi o Governo que o prometeu a Coimbra.
Recordo-me de ter sido o então governador civil que fez o desafio ao Governo liderado por Cavaco Silva e que, desde logo, foi aceite pelo então ministro das Obras Públicas, Valente de Oliveira.
Daí, justificar-se que a morte do Metro Ligeiro de Superfície seja anunciada por um Governo liderado pelo PSD. Coisas da vida e da coerência política ou não.
Dito isto, Coimbra não deve deixar-se adormecer, outrossim reivindicar transportes alternativos eléctricos para a sua cidade.
Devemo-nos congratular com o sistema ferroviário entre Serpins/Coimbra B, porque o que se adivinhava de transportes alternativos rodoviários seria um retrocesso do que já tínhamos, e que sempre serviu melhor as populações. É claro que dispensamos a velha automotora terceiro-mundista.
E, já agora, o que pensará a sociedade civil sobre esta matéria?
Entretanto, a política local tem na sua agenda a redução das freguesias. De forma oportuna, o líder da Assembleia Municipal do PSD lançou o repto para se constituir uma equipa com todos os partidos políticos.
Para meu espanto, tanto quanto li, aceitaram e até já se fazem consultas nas freguesias entre os militantes dos diversos partidos políticos.
Recordo-me que a ideia de uma reforma administrativa foi lançada por António Costa, à época ministro, e que os partidos políticos não constituíram nenhuma equipa para estudar a questão, uma vez que, segundo diziam, era o Governo que deveria apresentar propostas concretas.
No meu entendimento, o actual Governo, por imposição das negociações com a troika, retomou a mesma questão, mas deverá também assumir as suas responsabilidades, apresentando alternativas concretas, e não querer passar a responsabilidade a terceiros.
Estas e outras razões deste tipo, cada vez mais me demonstram o que só a regionalização pode resolver. Cinco grandes regiões que, de uma vez por todas, substituam o já esgotado sistema de desenvolvimento em Portugal. Este último que, desde 1974 (talvez até antes), se alicerçou em torno das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, poderá criar uma forma de desenvolvimento sustentado e equitativo, combatendo as assimetrias que ainda hoje todos sentimos.
Sei que alguns irão dizer que será um aumento na despesa pública, o que é uma enorme falsidade e, acima de tudo, serve para manter o actual estado de coisas.
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